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"Precisamos pensar na Amazônia no plural, porque não existe uma Amazônia só", defende Flávio Dino

Ministro participou da 1ª Cúpula Judicial Ambiental, promovida pelo CNJ, que reuniu os países que compõem a floresta tropical para debater a atuação jurídica internacional no combate à criminalidade e danos ambientais

Por Jorge Matos em 04/08/2023 às 19:50:38
Foto: Tom Costa/MJSP

Foto: Tom Costa/MJSP

Foi realizada, nesta sexta-feira (4), em Belém, a 1ª Cúpula Judicial Ambiental - Juízes e Florestas, evento promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Política Nacional do Poder Judiciário para o Meio Ambiente e o Grupo de Trabalho Observatório do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas do Poder Judiciário que contou com a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. "Precisamos pensar na Amazônia no plural, porque não existe uma Amazônia só. A Amazônia não está intocada, ela está cheia de gente, há metrópoles na Amazônia e não existe um modelo apenas de enfrentamento das dificuldades que as Amazônias vivem. Os países que a compõem são soberanos", frisou.

O objetivo do encontro, que contou com autoridades de cortes judiciais brasileiras, equatorianas, colombianas e peruanas, é debater temas relacionados à atuação judicial transnacional no combate à criminalidade na Amazônia e o impacto desses crimes nas mudanças climáticas.

"A escalada de desmatamento não tem sido contida de maneira efetiva pelos esforços governamentais e tampouco pelos significativos avanços conquistados na legislação ambiental brasileira, que está entre as mais modernas do mundo, contemplando soluções jurídicas capazes de refrear o desmatamento ilegal. São também transnacionais as cadeias criminosas que exploram as atividades econômicas ilícitas. Do Poder Judiciário, de modo particular, exige-se o adequado tratamento dos conflitos de interesse da temática", destacou a presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, durante a abertura solene da cúpula. "A proteção ambiental é essencial para os direitos humanos. É uma relação indissolúvel", concluiu.

Na programação do evento, que termina no sábado (05/08), estão pautados painéis a respeito não só do panorama do desmatamento, como também a jurisprudência brasileira e os mecanismos de proteção judicial dos países cujos territórios compõem a floresta tropical, assim como desafios na implementação de uma legislação florestal pelos Poderes Executivo e Judiciário. O aperfeiçoamento da prestação judicial ambiental pelos presidentes e corregedores gerais de Tribunais com jurisdição sobre a Amazônia também compôs o debate.

Para Flávio Dino, garantir a segurança na região é imprescindível para a promoção de oportunidades e direitos à população amazônica: "O principal desafio é associar a sustentabilidade ambiental ao desenvolvimento social. As desigualdades sociais ferem com muito mais força a Amazônia. E não há tema mais importante que este: afrontar desigualdades". "Lamentavelmente, floresta morta vale mais do que floresta em pé. Precisamos agregar conhecimentos ancestrais à tecnologia, para implementar, a partir da nossa biodiversidade, um novo modelo econômico, que agregue valor, que gere empregos verdes, que valorize a floresta viva", acompanhou o governador do Pará, Helder Barbalho.

Também presente no evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que a preservação da biodiversidade depende de uma transformação nas práticas econômicas e culturais em âmbito global: "A nossa cultura se encantou muito com a ideia de dominar a terra e tudo o que nela há e saímos detonando tudo, como se a natureza fosse um lugar de provimento infinito para as nossas satisfações humanas. Não há planeta que resista a 8 bilhões de pessoas desejando coisas infinitamente. Estamos vivendo uma crise civilizatória, e que alcança a humanidade inteira. E crises civilizatórias não são fáceis de enfrentar, elas mobilizam mudanças no padrão civilizatório."

Além de Flávio Dino e Marina Silva, participaram da conferência a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, a presidente do Ministra Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza de Assis Moura, e os ministros do STF, Cármen Lúcia e Luis Roberto Barroso.

Fonte: MJSP

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