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Sistema de encarceramento no Brasil: uma polĂ­tica falida que alimenta o poder das facções criminosas

AusĂȘncia do Estado na assistĂȘncia à população carcerĂĄria favorece o domĂ­nio das facções e agrava a desigualdade social

Por João Amorim em 17/06/2023 às 18:50:16

É impossĂ­vel ignorar a triste realidade do sistema de encarceramento brasileiro. Além de lotados e insalubres, os presĂ­dios são palcos de extrema violĂȘncia e negligĂȘncia por parte das autoridades, o que acaba alimentando o poder das facções criminosas.

A polĂ­tica de encarceramento no Brasil atinge principalmente a população mais pobre, que muitas vezes é vĂ­tima de um sistema de justiça falho e desigual. A falta de acesso a uma defesa adequada e a assistĂȘncia jurĂ­dica gratuita contribui para uma maior quantidade de pessoas dessa classe social atrĂĄs das grades.

No entanto, é a ausĂȘncia de assistĂȘncia do Estado dentro dos presĂ­dios que fortalece a atuação das facções criminosas. Com o abandono institucional, essas organizações oferecem apoio e assistĂȘncia aos presos e suas famĂ­lias em troca de fidelidade. Essa prĂĄtica nefasta cria uma relação de dependĂȘncia e submissão, permitindo que as facções exerçam controle dentro e fora das penitenciĂĄrias.

A falta de investimentos governamentais na ressocialização dos detentos também contribui para a perpetuação do ciclo criminoso. Com poucas oportunidades de trabalho e educação dentro dos presĂ­dios, muitos presos acabam retornando à criminalidade após cumprir suas penas, alimentando ainda mais o poder das facções.


De acordo com dados do Ministério da Justiça, atualmente, aproximadamente 65% dos presĂ­dios brasileiros estão sob controle de alguma facção criminosa. Essa presença maciça das organizações dificulta qualquer tentativa de controle ou reorganização do sistema prisional.

Diante desse panorama caótico, é urgente a implementação de polĂ­ticas pĂșblicas eficazes para reverter essa situação. É imprescindĂ­vel que o Estado assuma sua responsabilidade na assistĂȘncia aos detentos, proporcionando condições dignas dentro dos presĂ­dios, investindo em programas de ressocialização e oferecendo oportunidades que possibilitem uma reintegração efetiva à sociedade.

Além disso, a reforma do sistema de justiça penal e a revisão das penas para crimes não violentos são medidas imprescindĂ­veis. A superlotação carcerĂĄria e a prisão em massa são reflexos de uma polĂ­tica de encarceramento que tem se mostrado ineficiente, reforçando a necessidade de um olhar mais humano e respeitoso para com os direitos e a dignidade dos indivĂ­duos.

Enfrentar o domĂ­nio das facções criminosas nas prisões exige um esforço conjunto entre os poderes Executivo, Legislativo e JudiciĂĄrio. É necessĂĄrio acabar com a negligĂȘncia e a inércia que permeiam esse sistema falido e garantir que a pena imposta aos detentos seja de fato cumprida de forma justa e de acordo com os padrões internacionais de direitos humanos.

Enquanto o Estado permanecer omisso e ineficiente na assistĂȘncia à população carcerĂĄria, as facções continuarão ocupando esse espaço, perpetuando a exclusão social e aumentando o abismo que separa as classes sociais no paĂ­s. Urge uma mudança radical nessa polĂ­tica de encarceramento, com o objetivo de assegurar a dignidade de todos os indivĂ­duos, independente de sua condição socioeconômica.

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