O Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, anunciado pelo presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva, no encerramento da Marcha das Margaridas 2023, em Brasília, nesta quarta-feira (16), atende ao terceiro dos 13 eixos da pauta de reivindicações políticas das mulheres participantes da mobilização. O de Vida livre de todas as formas de violĂȘncia, sem racismo e sem sexismo.
O Ministério das Mulheres vai coordenar as ações governamentais com o objetivo de prevenir as mortes violentas de mulheres, em razão da desigualdade de gĂȘnero e da violĂȘncia doméstica. O novo pacto ainda terĂĄ a missão de garantir os direitos e o acesso à justiça às mulheres vítimas da violĂȘncia e aos seus familiares.
O AnuĂĄrio Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que, no ano passado, houve crescimento de todas as formas de violĂȘncia contra a mulher. Especificamente sobre os feminicídios, em 2022, 1.437 mulheres mortas, simplesmente, por serem o que são: mulheres. O número representa alta de 6,1% no número de casos, em relação ao ano anterior.
A coordenadora da 7ÂȘ Marcha das Margaridas, e secretĂĄria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), a piauiense Mazé Morais, ao comentar sobre as pautas políticas do movimento, agradeceu ao presidente da República pelo diĂĄlogo feito com os ministérios, nos últimos meses. "A marcha de 2023 - diferentemente da marcha de 2019, que foi a marcha da resistĂȘncia - é, agora, a marcha da reconstrução do Brasil e do bem viver", disse a coordenadora.
"Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede", afirma a coordenadora da 7ÂȘ Marcha das Margaridas", Mazé Morais.
Prevenção a feminicídios
De acordo com o Ministério das Mulheres, como ação inicial do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídio, serão entregues 270 unidades móveis para realizar o atendimento direto de acolhimento e orientação às mulheres, além de 10 carros, em que a metade servirĂĄ para locomoção das equipes e a outra parte para transportar os equipamentos de atendimento às usuĂĄrias.
Nas localidades onde é necessĂĄrio o serviço fluvial para o atendimento das mulheres das florestas, das ĂĄguas e do Pantanal, o Ministério das Mulheres vai encaminhar barcos e lanchas.
Além do Ministério das Mulheres, o comitĂȘ gestor do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios é composto pelos ministérios da Igualdade Racial; Povos Indígenas; dos Direitos Humanos e da Cidadania; da Justiça e Segurança Pública; da Saúde; da Educação; do Desenvolvimento e AssistĂȘncia Social, Família e Combate à Fome; de Gestão e Inovação em Serviços Públicos; do Planejamento e Orçamento, e Casa Civil da PresidĂȘncia da República.
Durante o ato, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que o governo federal quer ficar mais próximo da população. "Essa marcha estĂĄ em Brasília, mas, a partir de agora, são o governo e o Ministério das Mulheres quem vão marchar até vocĂȘs, para que nós possamos, de fato, garantir resultados e efetividade das políticas públicas para as mulheres brasileiras".
"O presidente Luiz InĂĄcio Lula da Lula da Silva jĂĄ disse não quer ministro em Brasília. Ele quer ministros nos lugares onde tiver o problema. Por isso, nós, os ministros, estaremos com vocĂȘs, para que nós possamos resolver", declarou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Margaridas no foco
Outras medidas voltadas para as mulheres, que são o público da Marcha das Margaridas, foram anunciadas pelo ministério. Uma delas é a criação do Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento à ViolĂȘncia contra as Mulheres do Campo, da Floresta e das Ăguas, com o objetivo de elaborar, propor, avaliar e monitorar políticas de prevenção e de enfrentamento à violĂȘncia contra as mulheres.
Para estimular a autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda das mulheres, o governo federal instituiu o Fórum para a Promoção de Estratégias de Fortalecimento de políticas públicas de autonomia econômica e cuidado com mulheres da pesca, aquicultura artesanal, marisqueiras e outras trabalhadoras das ĂĄguas.
Escuta e relacionamento
O governo quer ouvir de perto as mulheres, nas localidades onde vivem. Conhecendo melhor a realidade delas, o Ministério das Mulheres acredita que poderĂĄ garantir a proteção de direitos e acertar mais na construção de políticas públicas adequadas à realidade vivida.
O programa "Oi, Mulheres!", que é a Ouvidoria Itinerante do ministério, vai levar profissionais da pasta para escutar as mulheres diretamente nos espaços que elas moram. Serão beneficiadas pelo serviço aquelas em situação de vulnerabilidade e submetidas a violações de direitos; mulheres indígenas, ribeirinhas, pescadoras, quilombolas, de terreiro, em situação de rua, catadoras de materiais reciclĂĄveis, pescadoras, trabalhadoras do campo, privadas de liberdade, vítimas da violĂȘncia policial, além de mulheres que vivem em situações de riscos, desastres, deslocamentos forçados e outras crises.
O Ministério das Mulheres também firmou uma parceria com os Correios para garantir que as mulheres possam enviar cartas à Ouvidoria Mulheres sem custo de remessa. A medida estabelece um canal de denúncia de violações de direitos, especialmente, para mulheres em situação de vulnerabilidade, invisibilizadas ou excluídas digitais.
Fonte: AgĂȘncia Brasil