"Estamos diante de um novo mundo, um novo Brasil, um novo IBGE." Foi assim que o novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o economista Márcio Pochmann, abriu seu discurso na cerimônia de posse na presidência do órgão nesta sexta-feira (18/8). Ele anunciou no evento, realizado na sede do Ministério do Planejamento e Orçamento, em Brasília, o Projeto IBGE 90 anos e disse que encaminhará à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, um plano de ação para o curto, médio e longo prazo.
Estavam presentes na cerimônia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, a ministra e a equipe do MPO, do Ipea e, claro, do próprio IBGE.
"Começamos agora, neste ato de posse, a caminhada do Projeto IBGE 90 anos, que precisa avançar, ser coletivo e pensar o Brasil "paratodos", com esse "paratodos" escrito junto", disse ele, fazendo referência à canção homônima de Chico Buarque.
O esforço de modernização do IBGE e de sistematização de dados em meio aos ganhos e desafios da era tecnológica foi destaque na fala de Pochmann. "À frente do momento histórico da transformação digital e de datificação em que o Brasil se encontra, a interlocução com todos os servidores da casa, a sociedade e as instituições da República permitirá, em breve período, a submissão à ministra Simone Tebet do Plano de Ação para o curto, médio e longo prazos com respostas às exigências do presente e às demandas de futuro do novo IBGE", anunciou o economista.
Segundo ele, esta é a hora da "reconstrução e ampliação de horizontes, em sintonia com todos os avanços que a era digital proporciona." O objetivo, afirmou, é fazer com o que o IBGE dê um passo importante em direção ao ecossistema de dados e informações estatísticas e geográficas da mais alta qualidade internacional. "Para tanto, a recuperação do IBGE é urgente e inadiável", destacou.
Outro ponto ressaltado pelo economista foi a importância de um Estado indutor de políticas públicas capazes de enfrentar os desafios do mundo atual, como desemprego, pobreza, fome, pandemias e degradação ambiental.
Ao falar depois dele e lhe dar as boas-vindas, Tebet destacou que combater esses problemas é prioridade do governo atual e que agora ele faz parte do time. "Caro Márcio Pochmann, bem-vindo à execução do objetivo maior deste governo, que é o de atacar as desigualdades, incluir o pobre no orçamento, tirar o Brasil do mapa da fome, construir um sistema tributário justo e propulsor do desenvolvimento, gerar emprego e distribuição de renda", afirmou ela. Tebet afirmou que todos no governo trabalham com esse mesmo objeto, e que "não há duas estradas, não há dois caminhos, não há mão e contramão."
A ministra destacou que, em apenas seis meses de governo, todos os principais programas sociais, como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, foram recuperados e novos foram criados. Ela mencionou ainda a melhora de indicadores econômicos, como a queda do desemprego e da inflação, além do avanço das projeções de aumento do PIB para mais de 2% neste ano. A parceria com o Congresso Nacional para o avanço do Sistema Fiscal Sustentável e da Reforma Tributária também foi destacada pela ministra, que citou nominalmente os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
"Sob o comando do presidente Lula, estamos avançando na consolidação da democracia contra o autoritarismo, o negacionismo, os retrocessos civilizatórios. Unimos forças e unidos estamos todos nós trabalhando incansavelmente e sem trégua no projeto de união dos brasileiros, de reconstrução do Brasil", disse a ministra. Ela também ressaltou a presença do presidente Lula na cerimônia: "sua presença hoje no MPO é o reconhecimento da importância do IBGE como base de dados para que todas as políticas públicas possam, através da verdade, colocar os recursos públicos onde mais precisam", afirmou.
Esse destaque ao papel do IBGE para a formulação de boas políticas públicas para o país foi o ponto alto da fala de Cimar Azeredo, que é servidor de carreira do Instituto e atuava como presidente interino do órgão desde janeiro. "Estatísticas de qualidade são necessárias para que o poder público exerça uma administração eficiente a partir da gestão e formulação de políticas públicas baseadas em evidências. Da mesma forma, as estatísticas amplificam a transparência, permitindo que a mídia, as organizações não governamentais e os cidadãos monitorem as atividades de governo", disse ele, ao discursar no início da cerimônia.
Ele agradeceu à ministra pelo envolvimento direto dela e do MPO nas operações de reforço ao censo nas favelas, comunidades indígenas e condomínios. "A senhora, quando vestiu o colete do IBGE, não tem noção do que isso representou para os "ibgeanos" e para sociedade", disse ele. E homenageou todos os servidores do órgão ao pedir palmas para uma funcionária em particular, "que durante sete meses trabalhou noite e dia sem parar", a chefe de gabinete da presidência do Instituto, Sônia Val. Ela integra o quadro do IBGE há 45 anos.
Ministério do Planejamento e Orçamento