Em discurso no encerramento do Fórum Econômico Brasil-Angola, nesta sexta-feira (25/8), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o Brasil vai voltar a financiar projetos no continente africano e destacou as oportunidades que a região oferece.
O nosso projeto agora é fazer com que a região Sul do mundo se coloque em pé de igualdade com o Norte do mundo. Nós não queremos tirar nada de ninguém, apenas ser tratados em igualdade de condições e ter a mesma oportunidade" Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
"Vamos voltar a fazer financiamento para os países africanos. Vamos voltar a fazer investimento para Angola, que é um bom pagador das coisas que o Brasil investiu aqui. Angola sempre foi um país que nos deu certeza de que cada dólar investido aqui seria ressarcido e assim o fez", disse Lula.
» Íntegra do discurso do presidente Lula
O presidente lamentou o afastamento de Brasil e África no âmbito dos negócios nos últimos anos. "A volta do Brasil ao continente africano não deveria ser uma volta, porque nós nunca deveríamos ter saído do continente africano".
Para Lula, a África oferece as oportunidades que o Brasil, por vezes, procura em outros lugares. "O Brasil não tem noção de quantas coisas nós poderemos fazer junto com os países do continente africano. Muitas vezes, por ignorância, pessoas brasileiras acham que fazer negócio com o país rico é muito melhor e não se dão conta que os países ricos, muitas vezes, não querem fazer negócio conosco, porque eles querem exportar para nós produtos de alto valor agregado e querem comprar de nós apenas commodities", destacou.
Suporte
Antes de Lula, o presidente de Angola, João Lourenço, ressaltou em discurso que o Brasil tem sido um dos maiores apoiadores do desenvolvimento econômico de Angola. Segundo Lourenço, a tecnologia, o conhecimento e as patentes brasileiras estão em obras emblemáticas de infraestrutura pública, no aumento da produção e na oferta de bens alimentares, na prestação de serviços de saúde e na capacitação técnico-profissional de jovens.
O líder do país africano disse que conta com a presença do Brasil na economia angolana para transformar o potencial econômico da nação em riqueza real e convidou os empresários brasileiros a investirem em Angola.
"Temos particular interesse em ver investidores brasileiros investirem no agronegócio, na indústria de curtumes, indústria de automóvel, na fabricação de tratores e alfaias, nos adubos e fertilizantes, produção de painéis solares, na indústria farmacêutica de produção de medicamentos e vacina, na indústria de transformação da madeira, no turismo, imobiliária e em todos os outros ramos que sejam de seu próprio interesse", disse Lourenço.
Sul global
Ainda no encerramento do Fórum, Lula pontuou que o Brasil e os países da África eram chamados de terceiro mundo, depois de países em desenvolvimento e, após o fortalecimento do BRICS, agora essas nações são chamadas de Sul Global. O presidente quer que a região fique em igualdade com o resto do mundo.
Lula reforçou que os países da América do Sul e da África são os que têm maior potencial para gerar energia renovável no mundo, como eólica, solar e hidrogênio verde. Lembrou que energia elétrica é atualmente uma das maiores necessidades de Angola e uma das áreas em que o Brasil pode ajudar o país.
Mais agendas
Mais cedo, o presidente Lula foi homenageado em uma sessão solene da Assembleia Nacional de Angola, recebeu a condecoração com a Grande Ordem António Agostinho Neto, assinou sete acordos de cooperação com Angola em diversas áreas e se reuniu com o presidente de Angola, João Lourenço.
Lula segue em Angola neste sábado (26/8) com previsão de visitar, em Luanda, o Instituto Guimarães Rosa, mantido pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil em 24 cidades do mundo para promoção da cultura nacional.
Fonte: Redação, com informações da Presidência da República