Redução das desigualdades e questão ambiental serão os temas que vão nortear a pauta do Brasil na 18ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20, que ocorre em Nova Deli, na Índia, durante este final de semana.
O grupo, que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (UE), começa o encontro profundamente fragmentado em relação à geopolítica mundial, sobretudo em relação a temas como o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Na esteira disso, o Brasil receberá, pela primeira vez, a presidência rotativa do G20, a partir de 1º de dezembro. A gestão se encerra em 30 de novembro de 2024. O país será responsável, portanto, pela próxima cúpula do G20, agendada para os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
Além disso, em outubro, o Brasil presidirá por um mês o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), exatamente neste momento da reorganização da geopolítica mundial a partir de novas alianças, nas quais órgãos existentes são ampliados, e da disputa entre China e Estados Unidos, que se afunila entre sanções e declarações mais hostis.
As divisões internas entre países-membros do G20 ficaram nítidas com a ampliação do BRICS, cujos fundadores são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos foram convidados a ingressar no grupo durante a cúpula do grupo ocorrida neste mês. O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou o incômodo ocidental com a expansão, dizendo que ela "mostra uma intenção de construir uma ordem mundial alternativa à atual".
Isabela Gama, especialista em BRICS, segurança e teoria das relações internacionais e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), vê a preocupação de líderes ocidentais em relação a essa fragmentação, mas não somente isso.
"O temor é que essa expansão do Sul Global, que não representa algo geográfico, mas sim mais civilizacional e de princípios, seja realmente uma ameaça à dominação do Ocidente com relação ao restante do mundo. Até porque o BRICS não vai só ameaçar a dominação ocidental: em termos econômicos, pode ser uma dominação e uma fragmentação de princípios de segurança internacional. Por exemplo como a Rússia está fazendo, com o apoio da China no conflito ucraniano (que pode ser visto como um conflito de interesses entre o Ocidente e o Oriente)", avaliou ela em entrevista à Sputnik Brasil.
Fonte: Agência Sputnik