Minha última namorada me disse, certa vez, que eu só prestava para cozinhar, dirigir e fazer amor. "Nesta ordem", disse ela, com um sorriso enigmático. Até hoje não sei se foi um elogio ou uma crítica, O certo é que sou mesmo um cozinheiro 'aproveitável', dirijo, de fato, muito bem e quanto a fazer amor, não sou a pessoa mais indicada para avaliar. As mulheres com quem mantive relações amorosas nunca se queixaram. Pelo menos não explicitamente. Mas, a propósito de que estou expondo essas divagações ao queridíssimo leitor ou à queridíssima leitora? Vou tentar explicar: o editor deste portal, Jorge Matos, a quem me refiro constantemente, me mandou um email com a 'sugestão' que eu escrevesse sobre "o caráter definitivo da morte". Pombas, outro dia o cara pediu para eu escrever sobre "o vazio". Pensei em lhe mandar uma folha em branco, sem nada escrito, para ele publicar, mas deixei prá lá e contive a raiva. Obviamente, ignorei a 'sugestão'. Agora quer que eu escreva sobre, ou melhor, filosofe sobre o inexorável fim.
Mudando de linha, mas ainda focado no tema, direi o que penso sobre a temida, mas inevitável, morte. Afora essas coisas do cotidiano, como cozinhar, dirigir, amar, o que nos prende tão fortemente ao deseja de permanecer vivo? Quem acredita, e não é o meu caso, tem medo de partir e encontrar, em outro plano, com o capeta ou algum dos seus "auxiliares de ordens". Como disse, não acredito no inferno e tenho convicção de que para lá não seria enviado depois de partir desta vida. Nunca fiz mal a ninguém, pelo menos não intencionalmente e isso já me garantiria um "habeas corpus" preventivo, assinado por Deus e avalizado por Alexandre de Moraes, o Xandão.
Talvez eu fosse encaminhado ao purgatório que, eu credito, deve equivaler a uma enfermaria de hospital do INSS. Ou talvez para o céu, onde certamente eu teria um apartamento de dois quartos no térreo. A cobertura, está reservada para gente do calibre de Ivete Sangalo e outros. Aliás, tomei conhecimento de que a Ivete, sem alarde, faz doações importantíssimas para as Obras Sociais da Irmã Dulce, o que, seguramente, lhe garante uma cobertura com vista para o mar, wifi, chuveiro quente etc. Verdade que tudo isso ela já tem aqui, mas a vida é assim mesmo: se você já tem tudo, o que mais pode querer?
Há, porém, quem mereça padecer nos confins do inferno (que não existe, sei) para todo o sempre. Poderia listar aqui um monte de infelizes candidatos às quenturas do forno infernal, como Arthur Lira, por exemplo, o pai do "centrão". Mas não vou me aprofundar em comentários políticos em respeito aos prezadíssimos leitores e leitoras que já sofrem cotidianamente com as mazelas provocadas por políticos sem coração.
Sobre o "caráter definitivo da morte", meu caro editor, não existe. Nada é definitivo e eu mesmo conheço algumas pessoas que voltaram do inferno (que não existe, sei) para atazanar a vida de pobres cronistas com temas absurdos.
Em tempo: se você leitor (ou leitora) for convocado (ou convocada, né) a dar um voto para escolher seu candidato à Academia de Letras de Vera-Cruz, Bahia, lembre aqui do vosso querido eu. Ficarei eternamente agradecido. Em tempo2: nada é eterno!