Silvinei Vasques e Anderson Torres usam evento oficial da PRF para fazer campanha para Bolsonaro: "PRF sucumbiu ao bolsonarismo, infelizmente", observou o deputado Rubens Pereira Júnior
O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques bem que tentou, mas não conseguiu enganar os deputados e senadores da CPMI do Golpe, ao testemunhar nesta segunda-feira (20). No início de seu depoimento, ele tentou argumentar que não fez nada de errado ao pedir votos a Bolsonaro; afirmou que não houve operações com o intuito de dificultar eleitores do Nordeste de votar no segundo turno; e negou que a PRF sob seu comando tenha se omitido diante dos bloqueios de estradas golpistas que se iniciaram após a derrota de Jair Bolsonaro.
Para seu azar, havia parlamentares muito bem informados para questioná-lo. "Infelizmente, a PRF foi a instituição que mais sucumbiu ao bolsonarismo. Isso ficou marcado especialmente pelas ações do dia do segundo turno da eleição e pelas omissões que ocorreram a partir da segunda-feira após a proclamação do resultado", ressaltou o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA).
Para mostrar como Vasques contribuiu com esse desvio da corporação, o deputado lembrou que, em 26 de setembro, seis dias antes do primeiro turno, o ex-diretor presenteou o então ministro da Justiça, Anderson Torres, com uma camisa do Flamengo estampada com o número 22 (o mesmo com o qual Bolsonaro concorria à reeleição).
"A gente está falando de um ato oficial, que era o lançamento do aplicativo PRF Brasil, no encerramento da Semana Nacional do Trânsito, no Centro de Convenções da PRF", ressaltou Pereira Júnior, lembrando que Vasques acabou sofrendo ação de improbidade no Ministério Público Federal e se tornou alvo de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério Público Eleitoral (MPE). Sobre o apoio explícito a Bolsonaro, o senador Fabiano Contarato ressaltou que a postagem feita pelo ex-diretor nas redes sociais pedindo voto a Bolsonaro na véspera do segundo turno, também feriu princípios da administração pública.
"A instituição é de Estado, não é do governo de plantão. O senhor violou o princípio da moralidade e da legalidade", destacou o senador, apontando na ação um ato de improbidade administrativa. "Eu vou ler para o senhor o que é ato de improbidade administrativa: "ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições". Isso não sou eu quem está lhe dizendo. Isso está na Lei 8.429", completou.
Operações no Nordeste
A tentativa de negar qualquer tentativa de dificultar a votação no Nordeste, onde o presidente Lula tinha mais votos, também não deu certo. Mais uma vez, Rubens Pereira Júnior recuperou a verdade, lembrando como essa trama foi articulada.
O deputado recordou que, em 18 de outubro, o Supremo Tribunal Federal tomou uma decisão que permitia o transporte público gratuito no dia do segundo turno. "No dia 19, uma reunião da Cúpula do PRF foi feita de forma secreta, sem celulares, e não era assim habitualmente, com custo altíssimo, convocando todos os superintendentes regionais para virem a uma reunião presencial. Daí pra frente, tudo mudou", atestou.
O resultado do que foi combinado nessa reunião foi apresentado por diferentes parlamentares, como o deputado Rogério Correia (PT-MG): enquanto o Nordeste somou 2.185 fiscalizações no dia do segundo turno, o Sudeste teve apenas 571.
Correia lembrou que o fato de Silvinei ter resistido a cumprir ordem do STF de suspender as operações de sabotagem o tornou réu na Justiça. "É preciso colocar pingos nos is. Nosso depoente fez muita tergiversação, mas ele é réu na Justiça Federal do Rio de Janeiro pela atuação de pedir votos e também pela questão do segundo turno", afirmou.
Fonte: pt.org.br