Li aqui no Hoje Bahia que o Alcoólicos Anônimos está completando 76 anos no Brasil. E, em homenagem, fui tomar uma cervejinha gelada no bar da Angélica. Uma cervejinha, apenas uma, porque, apesar de admirador desses abnegados, não pretendo ser candidato a frequentá-los.
Como disse, fui no bar da Angélica e lá ouvi a conversa (natural, né? Sou fofoqueiro assumido) de dois rapazes que viam e ouviam um vídeo no celular, provavelmente no Youtube:
- Esse Heleno parece um carrapato, tá ligado? Não sei se o "tá ligado" é realmente uma interrogação, ou o ponto final da sentença, já que nunca é sucedido por um "tou", a indicar que o interlocutor estava, realmente, "ligado".
- Tá mais para um verme - disse o outro - tá ligado?
- É tunel - retrucou o primeiro.
- 'Dimais' - concordou (?) o segundo.
Certamente, pelos adjetivos, concluí tratar-se do depoimento do carrapato-verminoso, ex-general Heleno, à CPMI do golpe fracassado do 8 de janeiro. Cheguei até a ouvir uma frase proferida pela cloaca verborrágica do ex-general que, covardemente, negava participação na referida tentativa de golpe.
Mudo de parágrafo para esclarecer que, por acordo assinado com um fio do bigode com o editor do Portal Hoje Bahia, estou impedido de externar opiniões políticas, religiosas e futebolísticas. Por este motivo deixo de explicitar minha opinião nem um pouco lisonjeira sobre o escroto do Heleno. Mas, não posso deixar de dizer que, na minha opinião, ao falar, o escroto do Heleno empestia o ambiente com seu hálito putrefato. Melhor calar, em respeito ao editor chefe, que ainda merece um pouco de consideração.
Voltando ao bar da Angélica, quero destacar a qualidade musical difundida nas duas caixas de som que conseguiu superar em volume a conversa dos dois jovens. Nelas, Gonzaguinha explodia sua veia poética ao extremo: "Por acaso algum dia você se importou, em saber se ela tinha vontade ou não, e se tinha, e transou, você tem a certeza de que foi uma coisa maior para dois?". Genial! Eu apenas trocaria o "transou" por "fez amor", mas aí entra a questão poética e, confesso, em poesia eu sou um zero à esquerda. Rima, métrica, ritmo, são assuntos que não domino, infelizmente. Depois, mais Gozaguinha: "Acreditava na vida, na alegria de ser..." A alegria de ser! Só quem entende a "alegria de ser" entende o quão é insignificante a vida de pessoas como Heleno.
Hora de mudar de linha, mas mantendo o foco nas músicas do bar de Angélica, que fica na praça principal de Mar Grande, Vera Cruz, Bahia. Sobreveio a Gonzaguinha o também poeta Roberto Carlos: "Acabei com tudo, me senti sozinho, tropeçando em meu caminho... as cicatrizes calam, mas as palavras falam, o que eu não esqueci... sou fera ferida, no corpo, na alma e no coração.
Foi aí que pedi a segunda cerveja, contrariando a minha parca resistência ao álcool.
Melhor ir para casa, tá ligado?
Se você gostou da crônica, o que demonstra um péssimo gosto, ajude o João das Botas com qualquer valor através do Pix 71994062444 (Lara Castro Matos) ele argumenta que precisa trocar os óculos.
Ass: O Editor