Não há crescimento PIB, queda da inflação ou regime fiscal equilibrado que dê jeito no bolsonarista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC). Como previsto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a estratégia de sabotar o crescimento da economia brasileira, apesar de todos os indicadores positivos registrados nas últimas semanas. Nesta quarta-feira (21), após reunião de dois dias para deliberar sobre o o assunto, a Selic foi mantida em 13,75% pela sétima vez.
O tom beligerante e desafiador contra o governo Lula foi igualmente mantido: além de não reduzir os juros, como exige a sociedade brasileira, o Copom também não sinalizou quando pretende fazer a inflexão dos juros, uma vez que o comunicado sequer menciona algo nesse sentido, como apostavam até agentes do mercado financeiro.
"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia", aponta o comunicado divulgado na noite desta quarta. "O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação", diz ainda o comitê.
"O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", zombou, mais uma vez, o órgão do Banco Central comandado pelo bolsonarista Roberto Campos Neto.
Em reação imediata a mais um ataque de Neto à economia popular, a presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), subiu o tom e pediu a saída do bolsonarista e ativista político do BC. "Está na hora do Senado agir, com os poderes que a lei confere, para cobrar Campos Neto e a diretoria bolsonarista do Banco Central", escreveu a petista, pelo Twitter. "Sabotam a economia e atuam propositalmente contra o país. Não há mais como tolerar esta situação. O certo é a saída desse pessoal".
Na mesma linha, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que tem organizado uma série de atos contra a política monetária do BC por todo o país, emitiu dura nota na qual também cobra providências do Senado Federal contra Roberto Campos Neto.
"Com a injustificável e inaceitável manutenção da Selic, a pressão agora será sobre o Senado, para que retire da presidência do Banco Central um homem que, deliberadamente, prejudica o Brasil, que faz oposição ao governo a partir de uma instituição essencial para o crescimento econômico sustentável do país, com geração de emprego e renda", diz um trecho da nota da entidade.
"A lei de autonomia do BC, definida pela Lei Complementar nº 179/2021, prevê que o presidente do Banco Central pode ser substituído se for considerado inapto para cumprir com os objetivos do BC ou se renunciar. Em caso de demissão, é necessário o aval do Senado Federal. Campos Neto tem se demonstrado inapto, o que exige ação do Senado", justifica a CUT, no comunicado.
"O Senado precisa agir: o Brasil está sendo boicotado. Nota, carta aberta, ato, protesto nas ruas, pressão sobre o Senado, porque não vamos parar enquanto os juros não baixarem", reforçou, pelo Twitter, o presidente da CUT, Sergio Nobre, após anúncio da decisão do BC.
Pressão popular
A decisão ocorre em um momento em que a pressão popular cresce nos mais variados agentes do setor produtivo. Na tarde desta quarta, a Frente a Parlamentar contra os Juros Abusivos e lideranças de Centrais Sindicais fizeram um apelo público ao BC para um corte na taxa Selic.
"É inaceitável que o Banco Central mantenha essa taxa de juros em 13,75%, principalmente depois da inflação despencar a 3,94% no acumulado dos últimos 12 meses e termos uma expectativa de uma inflação neste ano menor do que 5%", protestou o presidente da Frente, Lindbergh Farias (PT-RJ). "Esperamos que nessa reunião de hoje, comece a redução de taxa", apelou o petista. Em vão.
"O mercado e seus porta-vozes sempre disseram que não se baixa juros na marra. O que dizer de um Banco Central que mantém juros estratosféricos na marra?", já havia questionado Gleisi, horas antes do anúncio do BC. "Contra todos os indicadores, contra a mínima racionalidade, contra a economia do país. Tá passando da hora de Campos Neto e seu BC bolsonarista prestarem contas pela sabotagem ao Brasil", cobrou a petista.
Minutos depois do anúncio feito pelo Copom, as redes sociais refletiram a indignação da população com a sabotagem ao governo imposta por Campos Neto. No Twitter, as hashtags #JurosBaixosJa e #ForaCamposNeto foram ganhando cada vez mais espaço na rede.
Senado precisa agir: o Brasil está sendo boicotado. Nota, carta aberta, ato, protesto nas ruas, pressão sobre o Senado, porque não vamos parar enquanto os juros não baixarem. #JurosBaixosJá#ForaCamposNeto @CUT_Brasilhttps://t.co/fFPT4UO28H
— Sergio Nobre CUT (@CutNobre) June 21, 2023
Fonte: pt.org.br