Glauber de Andrade Rocha (1939-1981) nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, no dia 14 de março de 1939. Foi o primeiro filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha e teve duas irmãs: Ana Marcelina e Anecy. Cursou o primário em Vitória da Conquista e, em 1947, mudou-se com a família para Salvador. Em 1952 Ana Marcelina morreu de leucemia, mas Glauber logo ganhou outra irmã, Ana Lúcia , filha de seu pai com uma cigana que faleceu durante o parto. Estudou no Colégio 2 de Julho, instituição presbiteriana. Em 1959, ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, hoje Universidade Federal da Bahia. Seu primeiro contato com o cinema foi na produção dos documentários "O Pátio", em 1959 e "Cruz na Praça", em 1960. Casou-se com sua colega de faculdade, Helena Ignez. Em 1960, nasceu sua primeira filha, Paloma. Apesar disso, separou-se de Helena um ano depois. Abandonou o curso de Direito em 1961, para trabalhar como crítico de cinema.
Trabalhou na produção de "A Grande Feira", de Roberto Pires e de "Barravento", de Luiz Paulino dos Santos, filme que acabou dirigindo depois de refazer o roteiro. Finalizou "Barravento", no Rio de Janeiro, com Nelson Pereira dos Santos. O filme foi premiado na Europa e exibido no Festival de Cinema de Nova York. Em 1963, filmou "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que concorreu à Palma de Ouro no Festival do Filme em Cannes do ano seguinte, perdendo para uma comédia musical francesa.
Em 1966 co-produziu "A Grande Cidade", de Carlos Diegues e preparou "Terra em Transe", que chegou a ser proibido, mas foi liberado sob algumas condições. Exibido no Festival de Cannes, o filme ganhou os prêmios Luis Buñuel e o da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica. Recebeu ainda prêmios e elogios na Suíça, em Cuba e no Brasil.
No mesmo ano, Glauber Rocha trabalhou no argumento de "Garota de Ipanema, de Leon Hirszman. Recebeu o convite de Jean-Luc Godard para participar de "Vent d'Est", onde Glauber viveu seu próprio personagem: um cineasta que aponta o caminho para o cinema político-revolucionário. Iniciou o filme "Câncer", rodado durante quatro dias no Rio de Janeiro. Co-produziu "Brasil Ano 2000", de Walter Lima Jr. estrelado por sua irmã Anecy, mulher do diretor.
Em 1969 "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" foi exibido no Festival de Cannes e Glauber ganhou o prêmio de melhor diretor, dividido com o tcheco Vobtech Jasny. Além deste, o filme ganhou muitos outros prêmios importantes. Ainda na Europa, o cineasta recebeu dois convites para filmar. Um do produtor espanhol Pedro Fages e outro de Claude Antoine. Em 1970, Glauber Rocha rodou, na região da Catalunha, o filme "Cabeças Cortadas".
Em 1971 Glauber partiu para o exílio. Na Universidade Columbia, em Nova York, apresentou a tese "Eztetyka do Sonho". No Chile filmou um documentário sobre os brasileiros exilados, que não foi concluído. Em 24 de novembro, nasceu Daniel, seu filho com Martha Jardim Gomes. No final do ano, viajou para Cuba, onde permaneceu um ano, trabalhando no projeto de "America Nuestra". Da colaboração com Marcos Medeiros surgiu o filme "História do Brasil", que foi concluído em Roma.
Em viagem pelo Uruguai, Glauber encontrou-se com o ex-presidente João Goulart. Na noite de 25 para 26 de junho, os negativos de "O Dragão da Maldade" e "Terra em Transe" foram queimados em um incêndio nos laboratórios G.T.C. na França. Em 1976, Glauber retornou ao Brasil, depois de cinco anos de exílio. No ano seguinte, o curta-metragem "Di Cavalcanti" ganhou prêmio especial do júri do Festival de Cannes.
Em 27 de março, morreu sua irmã Anecy Rocha, ao cair no poço de um elevador. No dia 4 de agosto, nasceu Pedro Paulo, filho de Glauber e de Maria Aparecida de Araújo Braga. Em dezembro, Glauber Rocha iniciou as filmagens de "A Idade da Terra", seu último filme. Em 19 de janeiro de 1978, nasceu Erik, seu filho com Paula Gaetan. Em 22 de agosto de 1981, Glauber morreu de problemas broncopulmonares, aos 42 anos.
O Portal HojeBahia simulou uma entrevista com o renomado cineasta brasileiro Glauber Rocha. Lembre-se de que Glauber Rocha faleceu em 1981, então esta entrevista é puramente fictícia e baseada em seu estilo e ideias.
HojeBahia: Glauber Rocha, é um prazer tê-lo aqui hoje. Seu trabalho no cinema brasileiro é amplamente reconhecido. Como você vê o papel do cinema na expressão da identidade e cultura brasileira?
Glauber Rocha: O cinema é uma das formas mais poderosas de expressão cultural. É um espelho que reflete a alma de uma nação. No Brasil, temos uma rica diversidade cultural, e o cinema tem a responsabilidade de capturar a autenticidade dessa diversidade. Precisamos usar o cinema para contar nossas próprias histórias, para romper com as narrativas colonizadoras e retratar nossa identidade de forma única.
HojeBahia: Seu filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol" é um marco no cinema brasileiro. Ele aborda questões sociais e políticas de uma forma muito impactante. Como você vê o papel do cineasta como agente de mudança social?
Glauber Rocha: O cinema é uma arma. É a arma mais forte. O cineasta deve ser um agitador, um provocador. Devemos usar o cinema para questionar as estruturas de poder, para desafiar a opressão e a injustiça. "Deus e o Diabo na Terra do Sol" é uma tentativa de expor as contradições da sociedade brasileira e provocar uma reflexão sobre elas. O cineasta não deve se contentar em apenas entreter, mas também em incomodar e inspirar a transformação.
HojeBahia: Seu trabalho é frequentemente associado ao movimento do Cinema Novo no Brasil. Como você descreveria os princípios fundamentais desse movimento e sua influência no cinema brasileiro?
Glauber Rocha: O Cinema Novo é um movimento revolucionário. Ele busca uma linguagem cinematográfica única, enraizada na realidade brasileira. Os princípios do Cinema Novo incluem uma abordagem autêntica da cultura, a valorização das histórias locais, a busca por uma estética própria e a luta contra o imperialismo cultural. É sobre contar nossas próprias histórias, sem imitar o cinema estrangeiro. O movimento teve um grande impacto no cinema brasileiro, inspirando cineastas a explorar suas próprias vozes e a abordar questões sociais e políticas de forma mais profunda.
HojeBahia: O cinema brasileiro pretende evoluir e se destacar internacionalmente. Como você vê o futuro do cinema brasileiro e sua capacidade de influenciar a cultura global?
Glauber Rocha: O futuro do cinema brasileiro é promissor. Temos talentos incríveis e uma riqueza de histórias a serem contadas. No entanto, é importante que continuemos a resistir à homogeneização cultural e à influência estrangeira excessiva. O cinema brasileiro deve manter sua identidade e sua voz distintas. Se continuarmos a contar nossas próprias histórias, com autenticidade e paixão, teremos um impacto duradouro na cultura global.
HojeBahia: Muito obrigado, Glauber Rocha, por compartilhar suas perspectivas conosco hoje. Seu legado no cinema brasileiro é verdadeiramente inspirador.
Glauber Rocha: Obrigado. É importante que continuemos a usar o cinema como uma ferramenta para a mudança e a expressão cultural. Viva o Cinema Novo e viva o cinema brasileiro!
Redação, com jornal Folha da Pituba