O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou na manhã desta sexta-feira (17/11) os balanços do terceiro trimestre de 2023 e dos primeiros nove meses do ano.
O Banco informou que os desembolsos totalizaram R$ 34,8 bilhões no terceiro trimestre de 2023, um crescimento de 18,4% frente ao mesmo período de 2022. Considerando os nove meses acumulados em 2023, o BNDES apresentou expressivos crescimentos em todas as fases de suas operações comparativamente a 2022, como as consultas (R$ 199,2 bilhões com aumento de 94%), contratações (aumento de 43% atingindo R$ 94,2 bilhões) e desembolsos (crescimento de 20% ao atingir R$ 75,4 bilhões).
Tal crescimento ocorreu em todos os setores econômicos (agropecuária, infra-estrutura, indústria, comércio e serviços). O papel do Banco também se fortaleceu no apoio às micro, pequenas e médias empresas (em que foram viabilizados R$ 65 bilhões de financiamentos até outubro, incluindo operações indiretas e aquelas apoiadas pelo Fundo Garantidor FGI), às cooperativas (responsáveis por 28% dos desembolsos indiretos do Banco, um recorde) e às exportações (com desembolsos de R$ 7,2 bilhões, montante superior em 243% a 2022).
Os principais números ressaltados pelo BNDES, durante a apresentação do balanço, foram os seguintes:
>> Lucro recorrente de R$ 2,9 bilhões no 3T23 representa aumento de 21% em comparação ao lucro líquido recorrente apurado no 3T22 (R$ 2,4 bilhões);
>> Lucro Líquido de R$ 4,9 bilhões no 3T23 foi influenciado por eventos extraordinários, como receitas de dividendos de Petrobras;
>> Desembolsos no 3T23 registraram acréscimo de 18,4% em relação ao 3T22, atingindo R$ 34,8 bilhões (R$ 75,4 bilhões no acumulado de 2023);
>> Nos nove primeiros meses de 2023, as consultas por novas operações, as contratações e os desembolsos apresentaram crescimentos de 94%, 43% e 20% frente ao mesmo período de 2022, respectivamente;
>> Carteira de crédito cresce R$ 15,7 bilhões em 2023, totalizando R$ 495,2 bilhões, maior volume nominal desde o primeiro trimestre de 2019;
>> Em trajetória inversa à do Sistema Financeiro Nacional, inadimplência de 90 dias manteve-se estável e praticamente nula (0,01%), sinal de robustez da carteira de crédito.
Lucro
O lucro líquido foi de R$ 4,9 bilhões no terceiro trimestre de 2023, acumulando R$ 14,4 bilhões nos nove primeiros meses do ano (9M23). Já o lucro líquido recorrente do BNDES no 3T23 foi de R$ 2,9 bilhões (acumulando R$ 6,6 bilhões no 9M23), ante R$ 2,4 bilhões no 3T22. O aumento no lucro líquido recorrente foi influenciado pela elevação do produto da intermediação financeira, destacando o crescimento da carteira de crédito expandida, atenuado pela redução no saldo médio de tesouraria, em virtude, principalmente, das liquidações antecipadas de dívidas junto ao Tesouro Nacional realizadas em 2022.
O lucro líquido de R$ 14,4 bilhões nos nove primeiros meses de 2023 foi impactado por receitas de dividendos/JCP de R$ 7,0 bilhões (basicamente oriundas da Petrobras) e reversão de provisões de crédito, em especial pela recuperação de créditos provisionados em exercícios anteriores, principalmente por honra do Fundo Garantidor de Exportação junto ao BNDES.
Ativos
Os ativos totais do Sistema BNDES somaram R$ 719,3 bilhões em 30 de setembro de 2023, aumento de R$ 35,5 bilhões (5,2%) em relação a dezembro de 2022, destacando o acréscimo de R$ 15,7 bilhões na carteira de crédito expandida e o aumento de R$ 8,9 bilhões na carteira de participações societárias.
A carteira de crédito expandida, que abrange financiamentos, debêntures e outros ativos de crédito, alcançou o montante de R$ 495,2 bilhões em 30 de setembro de 2023, representando assim 68,9% dos ativos totais. O aumento foi influenciado em especial pelo crescimento dos desembolsos e pela apropriação de juros e atualização monetária, Destacam-se, dentro dos desembolsos, os investimentos em ofertas públicas de debêntures na área de infra-estrutura.
A inadimplência (+90 dias) em 30 de setembro de 2023 manteve-se em 0,01%, mesmo percentual de 30 de junho e inferior aos 0,13% em 31 de dezembro de 2022. Essa taxa permanece expressivamente inferior à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (3,49% geral e 1,33% para grandes empresas), comprovando que o BNDES não sentiu os efeitos da piora do mercado de crédito em sua carteira própria e indireta.
A boa qualidade da carteira de crédito e repasses permaneceu, com 94,6% das operações classificadas nos mais baixos níveis de risco, compreendidos entre AA e C, em 30 de setembro de 2023. Esse percentual se mantém superior ao registrado pelo Sistema Financeiro Nacional, que atingiu 90,8% em 30 de junho de 2023 (última informação disponível).
A carteira de participações societárias totalizou R$ 71,3 bilhões em 30 de setembro de 2023. O acréscimo de 14,2% frente a dezembro de 2022 ocorreu, basicamente, pelo aumento do valor justo dos investimentos em não coligadas. As principais empresas investidas em termos de carteira total seguem sendo Petrobras, JBS, Eletrobras e COPEL.
Fontes de recursos
Em 30 de setembro de 2023, FAT e Tesouro Nacional representavam 57,0% e 6,6%, respectivamente, das fontes de recursos do BNDES. O FAT manteve-se como principal credor do Banco, sendo o saldo atual de R$ 391,5 bilhões.
O valor remanescente devido pelo BNDES ao Tesouro Nacional atingiu R$ 45,1 bilhões em 30 de setembro de 2023, redução de 0,9%. Os pagamentos ordinários de R$ 1,2 bilhão foram atenuados por apropriação de juros e correção monetária de R$ 0,7 bilhão, não tendo havido antecipações de recursos em 2023.
O passivo com captações externas totalizou R$ 22,8 bilhões em 30 de setembro de 2023, decréscimo de 15,8% no trimestre. No período houve amortização de R$ 5,0 bilhões de bonds em razão do vencimento de um título do Banco no mercado internacional.
Patrimônio líquido
O patrimônio líquido do BNDES atingiu R$ 147,9 bilhões em 30 de setembro de 2023, acréscimo de 12,7% em relação ao saldo no encerramento de 2022. O resultado decorre, principalmente, do lucro líquido do nos nove meses, de R$ 14,4 bilhões, além do impacto positivo do ajuste a valor de mercado de ativos (ações e títulos públicos) e da não distribuição de dividendos extraordinários junto à União, interrompendo trajetória de redução do PL.
Limites prudenciais
Base para o cálculo dos limites prudenciais, o Patrimônio de Referência totalizou R$ 186,0 bilhões em 30 de setembro de 2023.
O Índice de Basileia manteve-se em situação confortável, 34,4% em junho de 2023, muito acima dos 10,5% exigidos pelo Banco Central. Esta informação é a última disponível, dada a prorrogação de prazo pelo BACEN para as implementações decorrentes da Resolução BCB nº 229, de 12/05/2022, em vigor a partir de 1º de julho de 2023, que alterou os procedimentos para cálculo do requerimento de capital.
Fonte: BNDES