Quando Cecília Kethlen tinha dois anos, foi diagnosticada com paralisia cerebral, que limita seus movimentos. A notícia foi um choque para a mãe Clédina da Silva Jerônimo. A partir daquele momento, ela teve que abdicar do trabalho, dos projetos e dos sonhos para cuidar da filha. "Eu não quis chorar, eu quis correr atrás", recordou.
Como forma de fisioterapia, Cecília começou na natação e se apaixonou pelo esporte. A mãe sempre esteve ao seu lado, apoiando. Agora, duas décadas depois, Clédina assiste, das arquibancadas dos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, ao esforço e à dedicação se transformarem em medalhas para a filha na natação paralímpica. É a primeira viagem internacional da mãe de Cecília.
Durante o período da descoberta da paralisia de Cecília, a mãe passou a contar com o suporte do auxílio do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que garantia um salário mínimo por mês. "O BPC apareceu para suprir as necessidades dela e da nossa casa, pois era a única renda que tínhamos", lembrou Clédina.
"Quando descobrimos a doença, tive que deixar o trabalho para cuidar dela. Eu precisava de mais tempo para levá-la à fisioterapia, hidroterapia, natação, brinquedoteca e outras atividades. Minha dedicação foi total para ela".
Clédina com a filha no Chile: primeira viagem internacional. Foto: Breno Barros/MEsp
Pela primeira vez, Clédina conseguiu viajar para assistir a filha em um evento internacional. Nas arquibancadas do Centro Aquático, em Santiago, a mãe não esconde o orgulho, vestindo uma camiseta com fotos da atleta. "Hoje, vendo ela disputar uma grande competição, o que passa na minha cabeça é que valeu a pena lutar pela minha filha. Vejo que a semente que plantei lá atrás está dando frutos", comemorou.
No Parapan, Cecília conquistou até o momento três medalhas: ouro nos 400m livre S8, prata no 100m costas S8 e prata no 100m borboleta S8. Atualmente, a atleta se mantém no esporte por meio de outro auxílio do Governo Federal: a Bolsa Atleta.
"Lembro que, com minha primeira Bolsa Estudantil, fiz um investimento em mim. Juntei todo aquele dinheiro para comprar meu primeiro traje de competição", recorda a atleta.
Investimento
São 11 anos de investimento do Governo Federal na carreira esportiva de Cecília. Ela começou a receber o benefício em 2011, quando ingressou na categoria Estudantil. Nos anos de 2013 e 2014, recebeu a Bolsa Atleta na categoria nacional.
Já nos anos de 2015 e 2016, a nadadora fez parte da categoria internacional. Desde 2017 até agora, Cecília recebe os recursos da categoria Bolsa Pódio, a mais alta do programa. Durante todo esse período, o Governo investiu na nadadora mais de R$ 1 milhão.
"Cada ano que passa eu vejo que como o Bolsa Atleta é fundamental. Ele é a minha base estrutural para que eu possa comprar os meus equipamentos, para que eu possa me estruturar e fortalecer como uma atleta de alto rendimento", analisou a medalhista.
Fonte: Ministério do Esporte