No início do mês o governo federal finalmente autorizou a reversão do processo de dissolução do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal de semicondutores e única fábrica desse tipo de item em toda a América Latina. Para analistas, a retomada das operações sinaliza que o governo voltou sua atenção à indústria de base.
O fechamento da estatal havia sido decretado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, em agosto de 2019. Alguns meses depois, Guedes anunciou a intenção do governo de criar isenções fiscais para que fábricas de semicondutores estrangeiras se instalassem no Brasil.
De acordo com especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, o retorno das atividades do Ceitec não é somente uma oportunidade de investimento em um mercado crescente ao redor do mundo, mas também uma questão de soberania nacional.
"Hoje o Ceitec é uma representação de que estamos fazendo uma busca por uma soberania tecnológica. É essencial no século XXI", afirma Claudio Miceli de Farias, professor do Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) e do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC), ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"Ter uma indústria nacional de semicondutores, poder produzir seus próprios equipamentos eletroeletrônicos é uma questão de soberania, de não ficar na dependência de outros países em casos de eventos extremos."
"Imagine se sofremos um embargo de algum país produtor de chips, ou de algum país produtor de alguma tecnologia específica que não temos como produzir", descreve Farias.
Fonte: Agência Sputnik