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Oposição sai 'desmoralizada' e fez papel de aprendiz de Dino, diz analista

Com a aprovação no Parlamento, Dino vai herdar pautas da ministra Rosa Weber

Por Jorge Matos em 15/12/2023 às 14:05:20
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Após quase 11 horas de sabatina e intensos debates, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu uma dupla vitória no Senado Federal na última quarta-feira (13). A aprovação do vice-procurador Paulo Gonet à PGR já era praticamente dada como certa, mas com relação ao ministro Flávio Dino no STF, ainda havia muitas incertezas.

O desafio do governo petista era justamente pelo fato de o Senado ser a Casa legislativa com maior representatividade do bolsonarismo. Diante dos 47 votos favoráveis — eram necessários, no mínimo, 41 — e até afagos a Dino de figuras típicas do conservadorismo — a exemplo do senador Sergio Moro (União-PR) —, a cientista política e professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) Clarisse Gurgel conversou com a Sputnik Brasil e, de acordo com ela, a oposição saiu "desmoralizada" da sabatina e se viu atuando como "aprendiz" do futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). "Isso sem dúvida", ressaltou.

"O Dino saiu da magistratura e foi para a política [atuou como deputado, governador, senador e ministro da Justiça], ainda que o Judiciário seja em regra daqueles que venceram na política [o caminho contrário]", analisa. Agora, o ministro do governo Lula retorna ao Judiciário, mas para a principal corte do país e, segundo a cientista política, leva consigo um perfil pedagógico. "O Dino se mostrou mais sereno e costuma ser uma pessoa de bom trato. Também é bastante relacional, o que vai facilitar a sua atuação no Supremo, por ter uma trajetória orgânica e bem-sucedida na política. É uma pessoa de firmeza nas decisões que toma", explica.

Com a aprovação no Parlamento, Dino vai herdar pautas da ministra Rosa Weber, que se aposentou no fim de setembro, e são caras tanto para a oposição quanto para o governo: investigações criminais contra o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e senadores da base, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Chico Rodrigues (PSB-RR), além da ação que julga possível os crimes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na pandemia.

"Mas essas características do Dino, quando dirigidas a um componente de lealdade ao governo, fazem com que Lula tenha um grande aliado no STF, e eu acredito que a atuação dele não deve se restringir só ao Supremo."

Fonte: Agência Sputnik

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