O uso da cloroquina para combater a Covid-19 causou a morte de cerca de 17 mil pessoas, apenas nos países ricos, durante a primeira onda de pandemia em 2020. O estudo será publicado pela revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy, na edição que vai circular em fevereiro.
A pesquisa foi realizada pelas universidades de Lyon, na França, e Quebec, no Canadá. Os pesquisadores examinaram os dados hospitalares em seis países, com pacientes que tinha utilizado a droga. O resultado foi um considerável aumento do risco de morte, principalmente em razão de alterações do rítmo cardíaco.
A cloroquina
Originalmente destinada a tratar malária, a cloroquina foi administrada inicialmente a pacientes da Covid-19, apesar da ausência de evidências de benefícios clínicos documntados.
Durante a pandemia, após uma extensa pesquisa, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que não haviam provas de que o medicamento traria qualquer impacto positivo para pacientes da Covid-19, enquanto os especialistas alertaram para os efeitos colaterais que o "tratamento" poderia ter. Em diversos países, o remédio foi retirado dos protocolos contra a Covid-19.
Mas, no Brasil, sob o governo de Jair Bolsonaro, a ordem foi a de aumentar o abastecimento. O próprio ex-presidente fez promoção do remédio e anunciou que estava tomando cloroquina.
Ao final do primeiro ano da pandemia, Bolsonaro havia defendido o remédio em 23 discursos. Em 13 de agosto de 2020, por exemplo, o presidente afirmou, defendendo o uso da cloroquina: "eu sou a prova viva que deu certo".
A pesquisa examinou os dados da França, Bélgica, Itália, Espanha, EUA e Turquia. E o resultado aponta para o fato de que 16,9 mil pessoas, apenas nesses seis países, poderiam ter morrido em razão do uso da cloroquina.
Fonte: Redação, com Jamil Chade - UOL