Começo esta crônica com uma homenagem a meu amigo José Carlos Cruz, a quem apelidei de "Zezinho da Goméia" em virtude das suas predileções religiosas. Há muito tempo nos perdemos de vista, mas suas tiradas, digamos assim, filosóficas, não me saem da memória. Foi dele que ouvi pela primeira vez que "fome ruim é de boca pura", num conformismo freudiano, mas verdadeiro. Talvez ficasse mais correto dizer "fome pior é de boca pura", porque, ruim, toda fome é. Também ouvi dele a expressão debochada: "nem vem de garfo, que hoje é dia de sopa" e também a de que "fulano faz chover de baixo pra cima". Filosofia popular pura.
Obviamente, Zezinho da Goméia não rivaliza com Friedrich Nietzsche, nem nunca pretendeu. Do alto do seu aprendizado alicerçado pelos quatro anos de estudo fundamental, ele repetia, de Nietzsche, a frase famosa "aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal". Zezinho, que jamais leu o prussiano (alemão) sintetizava: "se foi feito com amor, é bom". Bem, feita a, bem sei, singela homenagem, vamos ao mote da cronica de hoje, que me foi dado, sem querer, pelo também dileto amigo Rogério Câncio: e se eu fosse Deus?
Se eu fosse Deus, claro que com todos os poderes a ele conferidos por si próprio, primeiramente 'consertaria' alguns 'erros' cometidos ao criar o mundo. Eu levaria mais tempo que os seis dias utilizados, até porque sou mais inseguro nas tomadas de decisões, ao contrário de Deus, que não perdia tempo com detalhes, digamos, insignificantes. Por exemplo: eu não colocaria dois olhos voltados para a frente como estão na ,maioria dos animais; acho que ficaria melhor um na frente e outro atrás. Imagine, por exemplo, a economia da indústria automobilística com retrovisores... outra mudança seria a boca: ela ficaria na barriga, substituindo o umbigo. Os alimentos cairiam diretamente no estômago, evitando o tráfego pela traquéia. Isso acabaria com a azia que insiste em me perseguir. Sei que os laboratórios farmacológicos certamente iriam à falência, mas isso é problema deles. Os seios seriam nas costas. Ficariam numa posição perfeita para dançar (agarradinhos, como era costume antigamente) Eu faria todas as mulheres bonitas. Pra que indústria de cosméticos?
Deixando de lado as questões morfológicas e partindo para a formação das sociedades, eu não permitiria que o pai de uma certa figura, que recentemente foi presidente do Brasil, tivesse transado com a mãe do mesmo dito cujo, gerando um líder que levou ao Planalto uma "ruma" de nulidades, patifes ignorantes e de péssimo carater que tentaram, e ainda tentam, solapar a nossa frágil Democracia que, assim como os seres humanos, não é perfeita, mas é o que temos de melhor. Uma brochada, no momento oportuno, teria resolvido.
É possível que eu seja demitido depois desta crônica por emitir opinião política, contraditando o acordo firmado com o editor do Hoje Bahia de me eximir de abordar assuntos políticos. De antemão, invoco um habeas corpus preventivo por considerar que, ao não declinar o nome da bestafera, carcará sanguinolento, poli-inelegível, não estarei infringindo o aludido contrato, firmado com o fio do bigode. E por falar em bigode, repararam no do Nietzsche que ilustra este espaço? Isso é que é um bigode, o resto é casca de banana!