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Convite de Lula a Biden é gesto estratégico na busca por horizonte à governança global, diz analista

Ao longo do ano passado, Lula participou ativamente de organismos internacionais

Por Jorge Matos em 30/01/2024 às 20:28:33
Foto / Ricardo Stuckert / Presidência da República

Foto / Ricardo Stuckert / Presidência da República

Desde que começou seu terceiro mandato, Luiz Inácio Lula da Silva teve como uma de suas prioridades a política externa. No entanto, trabalhar a multipolaridade, um dos pilares da chancelaria brasileira, também anda em parceria com a reativação do potencial interno do Brasil.

Ao longo do ano passado, Lula participou ativamente de organismos internacionais tanto do Ocidente, por exemplo G7 e G20, como do Sul Global, como o BRICS e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

O petista destacou a importância de sua gestão para "relançar" o Brasil no cenário internacional sob uma perspectiva "multipolar", sendo esse o pilar da política externa do governo brasileiro.

Na semana passada, Lula convidou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para ir ao Brasil em uma visita a ser feita "preferencialmente neste primeiro semestre".

O líder brasileiro destacou o contexto dos 200 anos de relações diplomáticas entre Brasília e Washington, acrescentando que a visita de Biden poderia "celebrar a ocasião no mais alto nível", além de "dar continuidade ao aprofundamento de nossa parceria".


Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante fotografia oficial dos chefes de delegação dos países-membros e dos países convidados do G7, 20 de maio de 2023. © Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert

Na visão do professor e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Política e Violência da Universidade Federal Fluminense (UFF), André Rodrigues, o convite de Lula pode ser interpretado como "um gesto estratégico".

"[O convite] é um gesto estratégico de política internacional. [...] A agenda de política externa brasileira sempre foi muito ativa na construção de passos multipolares e na proposta de uma governança global que não esteja centralizada em uma grande potência mundial, esse é o jogo político internacional do Brasil – diálogo com múltiplas potências para ativar a esfera política multipolar", afirmou Rodrigues.

O coordenador ainda pontua que "convidar Biden é um gesto de afirmação da importância do Brasil" na arena internacional e "também da América Latina neste diálogo".

"As grandes potências estão com muita dificuldade para construir diálogos e agendas, temos múltiplos conflitos armados que estão em curso e o Brasil pode ser um ator importante na construção deste diálogo que é fundamental para que ocorra a construção de um horizonte para governança global [...]", analisou.


Lula, Xi Jinping, Cyril Ramaphosa, Narendra Modi, e Sergei Lavrov posam para uma foto do grupo BRICS durante a Cúpula do BRICS de 2023, no Centro de Convenções de Sandton em Joanesburgo. África do Sul, 23 de agosto de 2023. Foto: © AP Photo / Gianluigi Guercia / Agência Sputnik

Reativar o Brasil

No entanto, o desafio de Lula é duplo, a partir do momento que também trabalha para "reativar" o Brasil internamente.

Na segunda-feira passada (22), o governo federal anunciou o plano Nova Indústria Brasil, projeto elaborado para guiar o país até 2033. A principal novidade é que o Executivo vai disponibilizar R$ 300 bilhões até 2026 para financiamentos destinados à nova política industrial brasileira.


Reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto. Durante o encontro, foi lançada a Nova Indústria Brasil, política industrial aprovada pelo CNDI e que traça o caminho do desenvolvimento até 2033, 22 de janeiro de 2023. Foto: © Marcelo Camargo / Agência Brasil

Para o professor de Relações Internacionais das Faculdades de Campinas (FACAMP), Márcio Sampaio de Castro, é válido o esforço que o governo tenta empreender, "mas tem muito mais a ser feito, porque o desafio é grande".

"Não só o Brasil, mas em muitos outros países, o enfraquecimento da industrialização é muito grave. Muitas nações têm se convertido cada vez mais em países agrários-exportadores. Um país como o Brasil, que já teve a indústria como um dos seus principais componentes do produto interno bruto [PIB], com 30% na constituição do PIB, agora tem algo em torno de 10% ou menos até", afirmou Castro à Sputnik.

O especialista aponta que a perda de força da indústria brasileira prejudica o país em um todo, não só no quesito produção, mas também em outras áreas.

"A indústria, as pesquisas, como a pesquisa médica, nuclear, a biotecnologia, engenharia, são pontos-chave para o desenvolvimento de um país. O investimento industrial permite que se melhorem todas as outras áreas, isso é central."

Portanto, "tem muito mais a ser feito [pelo governo] porque o desafio é muito grande, o tamanho do país com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, não se pode permitir simplesmente ter um papel de país agrário-exportador", concluiu.

Apesar de políticas internas e externas terem formas diferentes, o fim é sempre o mesmo: impulsionar o desenvolvimento e protagonismo de um país.


O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Gestão, Esther Dweck, durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto, 22 de janeiro de 2023. © Foto / Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na carta em que Lula convida Biden – que na verdade é uma resposta a outra carta do presidente norte-americano enviada anteriormente – ao mesmo tempo que Brasília mira na manutenção do diálogo para contemplar sua diretriz multipolar, também tem como alvo fazer com que a credibilidade na relação traga investimentos internos para o Brasil.




Fonte: Agência Sputnik

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