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Um vulcão explode em Salvador!

Uma explosão de som, cores, chuva, suor e cerveja...

Por Jorge Matos em 09/02/2024 às 12:41:04
Ivete Sangalo "Macetando" na praça. Foto: Redes sociais

Ivete Sangalo "Macetando" na praça. Foto: Redes sociais

Importado através do "Entrudo", festa portuguêsa de violência inconsequente, sem ritmo e sem riso, o Carnaval da Bahia criou a sua própria maneira de ser, bem diferente das origens herdadas. No início era um Carnaval elitista, feito para a classe média, com desfile das Sociedades Carnavalescas Famntoches da Euterpe e Cruz Vermelha, as principais, seguidas dos Inocentes do Progresso e Democrata. Copiando o que acontecia na Europa, essas entidades saiam pelas ruas centrais de Salvador com carros alegóricos, rainhas e princesas, além das alas do cavaleiros, uniformizados como soldados e oficiais romanos, destacando-se o arauto.

O povo não participava desse tipo de Carnaval – espetáculo, na década de 40. No máximo, surgiam da vez em quando em áreas da avenida Sete de Setembro, São Pedro, Piedade e Mercês, jamais chegando até o Campo-Grande, Barra e Ondina, (áreas nobres da cidade), as batucadas, os blocos de índios, os tímidos afoxés (grupos de homens com seu ritmo lento, com suas máscaras de traços africanos, alguns recobertos de palhas de coqueiros, usando apenas instrumentos de percussão, os pés calosos, agora no asfalto). O povo se divertia em áreas delimitadas: Baixa dos Sapateiros (onde se concentrava o comércio mais popular de Salvador) e Terreiro de Jesus (que integra o Centro Histórico da cidade). Aos poucos, porém, as camadas populares foram ocupando espaços na Sé, praça Municipal, rua Chile, alcançando a praça Castro Alves, o Campo Grande, a Barra e a Ondina, locais onde a festa acontece com toda a força, fazendo o verdadeiro Carnaval da Bahia.

De origem pagã, "Carnen Lévare" (abstinência de carne, data que designava a véspera de Quarta-Feira de Cinzas), herança dos bacanais, lupercais e saturnais romanas, aqui se realiza através da espontaneidade popular, orientada pelos organismos governamentais que atuam respeitando a vontade do povo. O Carnaval da Bahia, na verdade, começa quando o sol do amarelo Oxum brilha no céu, anunciando a festa do Verão baiano com muito samba, festa de largo, a partir do dia maior, santa Bárbara (Iansã, no sincretismo religioso), senhora das nuvens de chumbo, deusa dos relâmpagos, rainha dos raios e das tempestades, que segura o tempo até o Carnaval chegar.


BaianaSystem Navio Pirata

"Só não vai quem já morreu..."

Foi em 1938 que surgiu a ideia do Trio Elétrico, quando Dodô (Adolfo Nascimento), rádio-técnico e músico, e Osmar (Osmar Macedo) inventor e músico se conheceram, tocando em programa de rádio ao lado de Dorival Caymmi, entre outros nomes já famosos na época. Dodô, estudioso de eletrônica, pesquisava uma forma de amplificar o som dos instrumentos de corda, o que só conseguiu em 1948, com o aperfeiçoamento do "pau elétrico", que eliminava a dissonância e a distorção, principais problemas dos violões elétricos conhecidos. Em 1950, pela primeira vez, a eletricidade incorporou-se ao Carnaval baiano.


Inspirados pelo Vassourinhas – Academia de Frevo do Recife – que, de passagem para o Rio de Janeiro, se apresentou em Salvador, Dodô e Osmar resolveram sair durante do Carnaval, tocando aqueles frevos pernambucanos, com seus instrumentos e amplificadores. Assim, em cima de uma "fobica" – um Ford 1928 – equipada com dois alto-falantes, eles se apresentaram nas ruas da cidade, como a "dupla elétrica". Foi um sucesso, mas havia resistências, principalmente da classe média, que não gostava da "molecada" que ia atrás da dupla.

Mas Dodô e Osmar não desistiram. No ano seguinte, 1951, melhoraram sensivelmente a qualidade do som e, com o surgimento de um terceiro músico, Temístocles Aragão, tornava-se o trio elétrico. Em 1852, um fato novo: a empresa Fratelli Vita (fabricante de refrigerantes e cristais), percebendo o sucesso e a popularidade do conjunto, resolveu patrocinar o trio, colocando-o num caminhão festivamente decorado. O êxito foi estrondoso e o trio acabaria tampos mais tarde sendo definitivamente glorificado pelo então tropicalista Caetano Veloso: "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu"

Fonte: Redação, com Revista Viver Bahia

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