Os Correios registraram crescimento de 22% no resultado líquido e de 36% no ebitda em 2023, em comparação com o ano anterior. Com a melhoria nos indicadores econômicos, a empresa trabalha com a previsão de lucro na ordem de R$ 150 milhões para 2024.
Essas são as principais informações do balanço econômico-financeiro aprovado pelo Conselho de Administração da estatal na quinta-feira (27/03).
O resultado negativo na ordem de R$ 768 milhões que havia sido registrado em 2022, herdado da gestão anterior, foi reduzido para R$ 597 milhões em 2023 – ou seja, um ganho de R$ 170 milhões. O ebitda (lucro antes do desconto de impostos, juros, perdas com depreciação e amortização), que havia sido negativo em R$ 220 milhões em 2022, foi melhorado para R$ 140 milhões negativo (ganho de R$ 80 milhões).
Além disso, a atual gestão estabilizou o caixa da empresa, que vinha registrando queda desde junho de 2022, mas alcançou R$ 3 bilhões no segundo semestre de 2023. Ou seja, o caixa segue saudável e não precisará de aportes do Governo Federal.
A redução do prejuízo herdado da gestão anterior em cerca de R$ 200 milhões foi possível por meio de medidas eficientes de gestão que resultaram na melhoria de processos, proporcionando economia de R$ 1,3 bilhão no decorrer de 2023. Um exemplo foi a adoção de tecnologias para otimizar processos internos, com aumento de eficiência e produtividade.
Apesar das medidas adotadas, o resultado teve um impacto de cerca de R$ 1 bilhão ocasionado por dois fatores:
Evasão de postagens e clientes devido ao processo de privatização dos Correios, implementado no governo anterior , com perda de receita de mais de R$ 500 milhões no primeiro semestre de 2023. Somente a partir do segundo semestre do ano passado o volume de carga e receita começou a ser retomado.
Entrada em vigor do Programa Remessa Conforme , que trouxe mais transparência, controle e agilidade para a entrada de encomendas importadas, mas por outro lado diminuiu o volume de importações. Entre setembro e dezembro de 2023, houve redução de R$ 530 milhões na receita prevista para esse segmento no ano.
Cenário
A melhoria dos indicadores econômico-financeiros dos Correios ocorreu em um cenário de grandes obstáculos resultantes do processo de privatização iniciado no governo anterior. A empresa não reajustava preços há cinco anos, estava com os investimentos em tecnologia suspensos e a gestão anterior ainda tinha retirado mais de 40 cláusulas do acordo coletivo de trabalho, impactando significativamente o clima organizacional da empresa. Esses e outros fatores negativos resultaram em perda de clientes e declínio do volume de recursos em caixa.
Outro ponto de impacto relevante para os Correios foi o governo anterior não ter iniciado um processo para diversificação dos produtos e serviços da estatal, um caminho já trilhado pelos maiores operadores postais do mundo para compensar a mudança do perfil das remessas.
Medidas saneadoras
Diante do cenário encontrado, a atual gestão da empresa adotou, no decorrer de 2023, uma série de medidas saneadoras e estruturantes. Um exemplo foi a realização do equacionamento do Plano de Benefício Definido do Postalis, o fundo de pensão das empregadas e dos empregados dos Correios, que deveria ter sido realizado pela gestão anterior conforme as normas do setor. O equacionamento trouxe equilíbrio ao plano, que conta com mais de 78 mil participantes e, sem essa medida, não teria liquidez em 2025.
Além disso, a diretoria executiva da empresa conseguiu resgatar clientes importantes que haviam sido perdidos durante o governo anterior e trabalhou para a inclusão dos Correios no Novo PAC (que irá permitir o investimento de mais de R$ 800 milhões em infraestrutura até 2026) e para a aprovação de projetos de lei que vão trazer mais recursos para o caixa, como a legislação que estabelece a contratação prioritária dos Correios pelos órgãos públicos federais e a Reforma Tributária, que garantiu na Constituição Federal a imunidade tributária da estatal.
A atual gestão também iniciou o processo para realizar concurso público, com a designação da comissão para definição do número de vagas e licitação da banca, entre outras providências.
Estratégia financeira e comercial
No fim do ano passado, a diretoria executiva aprovou o plano estratégico da estatal para o período 2024-2028, que traz medidas para diversificar as atividades dos Correios, de forma a ampliar mercados e receitas e rentabilizar a estrutura já instalada, aumentando a eficiência e racionalizando as despesas.
Para isso, os Correios obtiveram recentemente autorização para captar recursos de longo prazo no exterior. A ideia é captar R$ 3,8 bilhões, com carência de cinco anos, para os investimentos necessários para a virada de chave para consolidar os Correios do Futuro. Para obter a autorização, a estatal precisou passar pelo crivo de um banco multilateral e da Comissão de Financiamento Externo (Cofiex) do Ministério do Planejamento e Orçamento, o que demonstra a solidez da empresa.
Esses recursos irão permitir a modernização dos Correios, com a modelagem e oferta de produtos e serviços digitais e mais adequados às necessidades atuais da sociedade, voltados para o comércio eletrônico (como o marketplace), para o segmento financeiro e para o setor de telefonia, entre outros projetos.
Sobre os Correios
Os Correios, líderes no segmento logístico e de entrega de encomendas no Brasil e responsáveis pela atividade postal nacional, está presente em 100% dos municípios do País. A estatal possui a maior infraestrutura logística da América Latina, com uma rede de atendimento de mais de 10 mil agências, mais de 8 mil unidades operacionais, 23 mil veículos e 87 mil empregadas e empregados diretos.
Fonte: Correios