A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) inaugura, nesta sexta (12/4), sua nova sede em São Paulo, com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de um grupo de ministros. O evento ocorre em meio a um cenário de bons e consistentes resultados comerciais e embalado por expansão no ciclo de investimentos no setor automotivo.
Desse modo, o presidente dá sequência a uma agenda de celebrações junto ao setor produtivo. Isso porque, pela manhã, Lula acompanhou, em Campo Grande (MS), a finalização do primeiro lote para embarque de carne para a China a partir das plantas recém-habilitadas pelo frigorífico JBS.
No primeiro trimestre deste ano, as vendas de automóveis foram 9% maiores do que no mesmo período do ano passado. A média diária de emplacamentos de veículos novos reflete essa expansão, tendo crescido 12,6% na comparação com o primeiro trimestre de 2023.
O ritmo acompanha tendência já observada em 2023, quando o conjunto do setor automotivo registrou crescimento de 9,7% nas vendas em comparação a 2022. Os automóveis leves puxaram a subida, com volume de vendas de unidades novas 11,2% maior que no ano anterior. A produção de veículos também cresceu, 1,3% a mais que em 2022.
Os números são da própria Anfavea, que projeta crescimento contínuo até 2026, quando, segundo seu presidente, Márcio de Lima Leite, o setor deve atingir a marca de 3 milhões de veículos novos comercializados. A meta, segundo ele, é bater o recorde histórico de 2014, quando 2,79 milhões de veículos zero quilômetro foram emplacados no país. Desde aquele período, o Brasil ocupa a oitava colocação entre os maiores fabricantes de automóveis no mundo.
Parte dessa confiança é sustentada pela disposição do próprio setor em investir no país. Atualmente, em resposta a programas governamentais como o Nova Indústria Brasil, as fabricantes de veículos já acumulam R$ 123 bilhões de investimentos ativos na expansão e modernização de suas linhas de produção. Grupos como Stellantis, GM e Toyota já anunciaram lançamentos de novos modelos.
Mobilidade verde
O programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), desenhado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é um dos propulsores desses investimentos. No último dia 9, o MDIC anunciou que 23 pedidos de financiamento já haviam sido aprovados, e outros 18 estavam sob análise. Entre as empresas beneficiadas, além de montadoras, estão fabricantes de autopeças e componentes de alta tecnologia.
Com uma estratégia de transição verde, o Mover pretende estimular novas tecnologias para veículos menos dependentes de combustíveis fósseis. O programa governamental reserva um total de R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028, que podem ser usados pelas empresas para abatimento de impostos federais em contrapartida a novos projetos. O Mover também prevê um fundo nacional para projetos do setor de autopeças. Entre as empresas já habilitadas para o Mover, estão representantes de toda a cadeia produtiva.
Outra aposta da Anfavea para os próximos anos é que o segmento de tratores e demais máquinas pesadas vai crescer, em virtude de projetos estatais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para 2024, a associação prevê crescimento de 5% nas vendas
Primeiros colocados
Entre 2022 e 2023, os carros mil cilindradas voltaram a ser os mais vendidos no mercado interno brasileiro, respondendo por 54% do setor..Entre 2012 e 2019, esses modelos representaram fatia significativa, mas deixaram de ser os campeões de venda, ficando abaixo de 40% dos emplacamentos. O auge foi em 2001, quando os carros com essa motorização responderam por quase 70% das vendas no Brasil.
Ao mesmo tempo, as exportações de veículos produzidos no Brasil caíram em 2023. Foram 308,2 mil unidades, contra 386,4 mil do ano anterior. Um dos fatores é a queda das exportações para a vizinha Argentina.
Outro segmento que registrou queda no ano passado foi o de caminhões e ônibus, mas, segundo a Anfavea, o resultado se explica pelas vendas acentuadas de estoques em 2022, quando as transportadoras decidiram comprar veículos com preços menores, antes que as mudanças exigidas pelo Programa de Controle de Poluição Ambiental por Veículos Automotores (Proncove) entrassem em vigor. Pelo mesmo motivo, as próprias fabricantes reduziram o ritmo nesse segmento. Foram 121,1 mil caminhões e ônibus fabricados em 2023, contra 193,7 mil no ano anterior.
Enquanto isso,o comércio de carros importados novos experimentou crescimento. Em 2023, foram emplacados 233,8 mil carros produzidos fora do país, contra 165,3 mil, um ano antes. Os veículos chineses puxaram a fila: foram 41,3 mil, ante 7 mil em 2022. Carros fabricados no México também se destacaram, com 22 mil unidades comercializadas, contra pouco menos de 10 mil no ano anterior. Entre os produtos importados da Argentina também houve crescimento no período: 128 mil contra 112 mil.
Compromisso de investimentos de R$ 71 bilhões
Confira os investimentos já anunciados pelas montadoras para expansão de projetos no Brasil até 2030. O montante tende a crescer, com os projetos recentes no bojo do programa Mover:
Stellantis - R$ 30 bilhões
Volkswagen - R$ 16 bilhões
Toyota - R$ 11 bilhões
General Motors - R$ 7 bilhões
Hyundai - R$ 5,4 bilhões
Renault - R$ 2 bilhões
Fonte: Agência Gov