A ministra Marina Silva defendeu nesta segunda-feira (29) em Turim, na Itália, mais ações climáticas de países de G7, além de financiamento para a transformação energética de nações em desenvolvimento. Marina participou da reunião ministerial de Clima, Energia e Meio Ambiente do grupo, que reúne sete das nações mais industrializadas do mundo.
"A responsabilidade das grandes economias, representadas aqui no G7, vai muito além da redução das emissões em seus territórios. Além de diminuir as próprias emissões, devem ter papel determinante para a descarbonização, mobilizando recursos públicos e privados, nacionais e internacionais, que fortaleçam a capacidade dos países em desenvolvimento", declarou a ministra durante o encontro.
Sob presidência rotativa da Itália em 2024, o G7 é composto também por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Convidado para o encontro ministerial, o Brasil preside o G20 em 2024 e organizará a COP30, em 2025, na cidade de Belém (PA).
As economias avançadas, discursou Marina, já têm mecanismos de mercado que impulsionam a transição energética. Para a maioria dos países em desenvolvimento, no entanto, tais instrumentos "não existem ou estão completamente fragilizados".
Marina demandou auxílio dos países do G7 ao G20 e às COPs 29 e 30 para assegurar financiamento e meios de implementação aos países em desenvolvimento. O objetivo é fortalecer a capacidade dessas nações de implementar metas climáticas ambiciosas de mitigação e adaptação.
Veja o discurso da ministra brasileira de Meio Ambiente e Mudança do Clima, proferido durante a reunião de ministros do Clima e da Energia do G7, na Itália
"Bom dia,
Excelências, colegas ministros e representantes,
É com imensa satisfação que participo desta reunião dos ministros de Clima, Energia e Meio Ambiente do G7. Agradeço ao governo italiano e ao G7 pelo convite.
A ação coordenada entre os países do G7, do G20, da Convenção do Clima e seu Acordo de Paris é fundamental para superar a crise global provocada pela mudança do clima.
Não temos tempo a perder. Precisamos implementar os acordos com os quais nos comprometemos em Dubai.
O G20 é responsável por mais de 80% das emissões de gases de efeito estufa do planeta e concentra mais de 80% dos recursos financeiros. O G7 reúne 10% da população global e corresponde a 25% das emissões do setor de energia.
Este é o tamanho da nossa responsabilidade.
Ambição e meios de implementação são indissociáveis. Precisamos nos comprometer com NDCs ambiciosas e alinhadas com a Missão 1,5°C, além dos meios de implementação para que se tornem realidade.
No Brasil, estamos enfrentando de forma decisiva nossa maior fonte de emissão: em um ano, reduzimos pela metade o desmatamento na Amazônia, evitando lançar na atmosfera cerca de 250 milhões de toneladas de CO? .
No entanto, nossos esforços não servirão de nada se os grandes poluidores do mundo não reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa.
A ciência já comprovou que tanto a Amazônia quanto florestas tropicais de outros países poderão ser destruídas pelos efeitos da mudança do clima.
A responsabilidade das grandes economias, representadas aqui no G7, vai muito além da redução das emissões em seus territórios.
Além de diminuir as próprias emissões, devem ter papel determinante para a descarbonização, mobilizando recursos públicos e privados, nacionais e internacionais que fortaleçam a capacidade dos países em desenvolvimento.
Esta mobilização global para o combate à mudança do clima, assim como para o combate à pobreza, é uma prioridade para o presidente Lula e para a presidência do Brasil no G20.
Nas economias avançadas já existem mecanismos de mercado, embora insuficientes, para dar impulso à transição energética.
Entretanto, na maioria dos países em desenvolvimento esses mecanismos ou ainda não foram estruturados ou são muito precários.
Neste sentido, o G7 pode apoiar o G20, a COP29 e a COP30 de três maneiras:
-Primeiro, viabilizando a nova meta global de financiamento climático coletivo na COP29, em Baku, restabelecendo a confiança no regime multilateral de clima;
- Segundo, fortalecendo os bancos multilaterais com efetivo desembolso de recursos para as áreas de mitigação e adaptação, avançando no processo de reforma da governança global;
- Terceiro, elaborando até a COP30, NDCs alinhadas com a decisão do Consenso dos Emirados de transição para o fim do uso de combustíveis fósseis, assim antecipando a meta de neutralização das emissões para bem antes de 2050.
Estamos em um momento crucial, em que a ciência faz um chamado urgente e inequívoco, que exige ações à altura da emergência global que vivemos.
Devemos liderar pelo exemplo no combate ao maior problema coletivo que a humanidade já enfrentou a mudança do clima.
Muito obrigada."
Fonte: Agência Gov | via MMA