Henri Bergson nasceu de família judia, filho de mãe inglesa e pai polaco. Viveu com os seus pais alguns anos em Londres, mas aos nove anos regressou a Paris. Ali fez os seus estudos no Liceu Fontanes onde ganha em primeiro lugar o prêmio de matemática no Concours Général resolvendo um problema de Pascal. Licenciando-se em Letras, em 1881 tornou-se professor, dando aulas em várias localidades da França, destacam-se desse momento as aulas no liceu Blaise Pascal de Clermont-Ferrand.
Em 1889 obteve o doutoramento pela Universidade de Paris com a tese Ensaios sobre os dados imediatos da consciência, e com uma tese secundária sobre Aristóteles. Bergson casou-se em 1892 com Louise Neuberger, uma prima do escritor francês Marcel Proust. Publica seu segundo livro em 1896 sob o título Matéria e Memória. Passa a lecionar na Escola Normal Superior de Paris dois anos depois. Em 1900, aos 40 anos, iniciou seus cursos a frente da cadeira de História da Filosofia Antiga no Collège de France.[3] Em 1907 publicou sua obra principal: A Evolução Criadora que une crítica da tradição filosófica especulativa, com intuição da duração e com as teorias evolucionistas de Herbert Spencer. Como diplomata, participa das discussões sobre a Primeira Guerra Mundial e exerce influência sobre a decisão dos Estados Unidos em intervir no conflito. Em 1914 Bergson torna-se membro da Academia Francesa, dois anos depois, publica Duração e Simultaneidade, obra que discute a comunicação de Einstein de 1905 sobre a teoria da relatividade restrita.
A partir de 1925 passou a sofrer de um reumatismo, que o deixou semi-paralisado, a ponto de impedi-lo de ir a Estocolmo para receber o Nobel de Literatura de 1927. Escreveu com grande dificuldade seu último livro, publicado em 1932: As Duas Fontes da Moral e da Religião. Nessa época, aproxima-se do cristianismo, mas não se converte por preferir não abandonar seus irmãos de raça que serão perseguidos pelo regime Nazista de Hitler. Faleceu em 1941, em 4 de janeiro, aos 81 anos, em Paris.[4]
Pílula filosófica
"Os momentos em que voltamos a ser donos de nós próprios são raros, e é por isso que raramente somos livres. A nossa existência desenrola-se, portanto, mais no espaço do que no tempo: vivemos mais para o mundo exterior do que para nós; falamos mais do que pensamos; 'somos agidos' mais do que agimos. Agir livremente é retomar a posse de si, é situar-se na pura duração." (Henri Bergson, Ensaio sobre os dados imediatos da consciência).
Do ponto de vista Sociológico, a passagem de Bergson reflete uma crítica à alienação do indivíduo na sociedade moderna. A ideia de que "os momentos em que voltamos a ser donos de nós próprios são raros" sugere que as pressões sociais, culturais e econômicas frequentemente dominam nossas vidas, tornando difícil o exercício da liberdade pessoal. A ênfase na "existência que se desenrola mais no espaço do que no tempo" indica que as interações sociais e os imperativos externos prevalecem sobre a introspecção e a auto-reflexão. As pessoas podem estar mais focadas em cumprir papéis sociais e expectativas do que em agir de acordo com suas verdadeiras vontades e necessidades. Assim, o agir de forma autêntica é uma luta contra a conformidade e a pressão social, que muitas vezes nos "agem" em vez de nos permitir agir.
Do ponto de vista filosófico, Bergson explora a natureza da liberdade e da consciência. A afirmação de que "agir livremente é retomar a posse de si" propõe que a verdadeira liberdade reside na capacidade de introspecção e no exercício do livre arbítrio. A "pura duração" que ele menciona é um conceito essencial em sua obra, referindo-se à experiência subjetiva do tempo, que se opõe à medição objetiva do tempo cronológico. Em um estado de verdadeira liberdade, o indivíduo pode experimentar a vida de maneira mais autêntica e profunda, conectando-se com suas emoções e pensamentos internos, em vez de ser apenas reativo ao ambiente externo. Essa abordagem sugere que a liberdade não é apenas uma questão de agir, mas de estar consciente de si mesmo e de suas experiências.
Fonte: Wikipedia