O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (19/11) que os países desenvolvidos antecipem suas metas de de redução de emissões de gases de efeito estufa visando a uma neutralidade climática de 2050 para 2040. E ressaltou que os países ricos não terão credibilidade ao falar sobre a crise climática se não assumirem suas responsabilidades. Lula preside o G20, bloco das maiores economias do mundo, e antes de passar o comando do grupo para a África do Sul, a partir do próximo 1º de dezembro, abriu nesta manhã a terceira e última reunião de trabalho da Cúpula de chefes de Estado, no Rio de Janeiro.
Seu último discurso, sobre o terceiro eixo apresentado como prioritário pelo Brasil – desenvolvimento sustentável, transições energéticas e ação climática –, foi uma declaração de alerta.
"Não podemos adiar para Belém a tarefa de Baku. A COP 30 será nossa última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático", enfatizou Lula, ao convidar os demais países para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a "COP da virada", em Belém, no próximo ano. "Precisamos de uma governança climática mais forte. Não faz sentido negociar novos compromissos se não temos um mecanismo eficaz para acelerar a implementação do Acordo de Paris."
Entre os principais pontos de sua fala, incluiu o reconhecimento dos povos indígenas e comunidades tradicionais como parte do pensar e fazer a proteção das florestas. E também uma proposição ousada de criação de um Conselho de Mudança do Clima na Organização das Nações Unidas (ONU), com a finalidade de articular diferentes atores, processos e mecanismos que hoje se encontram fragmentados.
"Nossa bússola continua sendo o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Esse é um imperativo da justiça climática. Mesmo que não caminhemos na mesma velocidade, todos podemos dar um passo a mais. Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais", disse em conformidade com a posição da presidência brasileira do fórum ao longo do ano de exigências de comprometimento do Norte com o Sul Global.
Lula também adiantou que o País seguirá trabalhando com a ONU e com a Unesco na Iniciativa Global pela Integridade das Informações sobre Mudança do Clima. Hoje à tarde, o governo brasileiro e os organismos internacionais lançam a iniciativa, com uma conferência de imprensa agendada para às 13h30 (horário de Brasília), na Briefing Room 1 (área da Cúpula do G20).
Agência Gov | Com G20 Brasil