Uma gigante taiwanesa de microchips atrasou a produção em sua fábrica no Arizona, nos Estados Unidos, até 2025 devido à escassez de mão de obra qualificada. Quem produz mais chips no mundo e quais são os maiores players neste clube? A agência de notícias Sputnik explica.
O que é Microchip?
Um microchip é um circuito minituarizado tipicamente feito de silício, que possui propriedades elétricas específicas (conduz eletricidade mais que um isolante, mas menos que um condutor puro) que lhe permite servir de base para computadores e outros dispositivos eletrônicos.
Também conhecidos como chips ou semicondutores, os microchips podem ser encontrados em produtos como smartphones, eletrodomésticos, hardware de jogos e equipamentos médicos.
Qual é o maior produtor de chips de Taiwan?
A maioria dos semicondutores é fabricada por uma única empresa, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Corporation (TSMC), que também controla mais da metade do mercado global de fundição de semicondutores.
Fundada em 1987, a TSMC, que às vezes é chamada apenas de Taiwan Semiconductor, registrou ganhos recordes em 2022. No entanto, nos últimos três meses até o final de junho, a empresa teve uma queda nos lucros de cerca de 23%, para US$ 5,8 bilhões (cerca de R$ 27,7 bilhões), devido à demanda mais lenta de seus produtos.
A TSMC é de propriedade da China?
Não, embora Pequim veja Taiwan como uma parte inseparável da China e diga que a ilha deve se reunificar pacificamente com o continente.
A TSMC é de propriedade de seus acionistas, sendo o maior deles o Fundo Nacional de Desenvolvimento, que detém 6,4% da empresa. Um dos proprietários continua sendo o fundador da empresa, Morris Chang, cuja participação é estimada em cerca de 0,5%.
A TSMC pode vender chips para a China?
Pequim nunca disse "não" às enormes exportações de semicondutores da TMSC para o continente, uma vez que a China depende fortemente da empresa, que fornece microchips de ponta para a indústria chinesa de eletrônicos de consumo.
Há alguns anos, pelo menos 40% das exportações totais de Taiwan eram microchips, sendo a China e Hong Kong os dois maiores importadores.
Mas, este ano, as exportações de chips de circuitos integrados (IC) de Taiwan para a China e Hong Kong tiveram a maior queda desde janeiro de 2009, um sinal de declínio global na demanda por eletrônicos. As exportações de IC caíram 27,1% em janeiro em relação ao ano anterior, de acordo com o Ministério das Finanças de Taiwan.
Quem fabrica microchips na China?
Existem dois grandes fabricantes de chips na China, a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), apoiada pelo Estado, e a Hua Hong Semiconductor.
A SMIC disse no início deste ano que sua receita em 2022 totalizou US$ 7,2 bilhões (cerca de R$ 34,4 bilhões), um aumento de 34% em relação ao ano anterior, enquanto sua margem bruta ficou em um recorde de 38%, o segundo ano de crescimento de vendas acima de 30% para a empresa.
Na mesma linha, a Hua Hong Semiconductors registrou um crescimento anual de 51,8% nas vendas em 2022, também um recorde para a empresa.
Outras empresas chinesas de chips incluem a HiSilicon, Yangtze Memory Technologies Corp (YMTC), UNISOC, Naura Technology Group, Will Semiconductor, Wingtech, GigaDevice Semiconductor e Jiangsu Changjiang Electronics Tech.
Quem mais domina a indústria global de chips?
Além da TSMC, a lista dos três primeiros inclui a Samsung Electronics (SEC) da Coreia do Sul e a United Microelectronics Corporation (UMC) de Taiwan.
Como a TSMC, no entanto, a SEC espera uma queda de 96% no lucro no segundo trimestre de 2023, já que a fraca demanda por chips de memória persiste, de acordo com a empresa. O diretor financeiro da UMC, Chitung Li, por sua vez, disse que os gastos de capital de sua empresa em 2022 foram de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 12,9 bilhões), menos do que os US$ 3 bilhões (aproximadamente R$ 14,3 bilhões) planejados anteriormente, com os gastos de 2023 fixados em US$ 3 bilhões.
Outros gigantes mundiais de chips incluem a Global Foundries, com sede na Califórnia, a norte-americana Intel Corp., a Qualcomm Inc., com sede em San Diego, além de gigantes da tecnologia norte-americana como a Micron Techology Inc., Broadcom Inc, Nvidia Corp. e Texas Instruments.
Há uma escassez global de chips agora?
A atual escassez de semicondutores envolve inúmeras indústrias dos setores automotivo e de eletrônicos pessoais que foram atingidas pela pandemia de Covid-19, não obstante esta ter sido declarada encerrada pela Organização Mundial da Saúde no início de 2023.
A demanda disparada por telefones celulares, laptops e outros dispositivos eletrônicos, juntamente com a prolongada disputa comercial dos EUA com a China e a diminuição da capacidade de fabricação nos Estados Unidos, desencadearam a crise da indústria de semicondutores, de acordo com relatos da mídia.
Existe uma corrida de chips entre a China e os EUA?
Sim. A China e os EUA continuam em conflito para prevalecer na próspera indústria global de chips, que pode crescer para US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 7 trilhões) em receita até 2030. As estatísticas da Casa Branca mostram que os EUA produzem atualmente cerca de 10%, enquanto a China responde por pelo menos 15% da produção global relacionada a semicondutores.
Washington está se esforçando para vencer a competição, tentando impor mais restrições a Pequim e expandindo os investimentos na indústria doméstica de chips. No final de junho, um meio de comunicação norte-americano informou que o governo Biden pondera introduzir novas restrições às exportações dos EUA de chips de inteligência artificial para a China, "à medida que aumentam as preocupações sobre o poder da tecnologia nas mãos dos rivais dos EUA".
O Departamento de Comércio dos EUA pode anunciar as restrições antes do final deste mês para interromper os envios de chips feitos pela Nvidia e outras gigantes de semicondutores para clientes na China e outros países de interesse, sem primeiro obter uma licença, de acordo com a matéria.
Panorama internacional
No ano passado, Washington exigiu licenças para as empresas que exportam chips para a China usando ferramentas ou software dos EUA, não importa onde no mundo eles estejam sendo feitos. As medidas também impedem que cidadãos norte-americanos e portadores de green cards trabalhem para certas empresas chinesas de chips. As restrições foram precedidas pela aprovação da da lei bipartidária Chips e Ciência pelo presidente Joe Biden, que inclui mais de US$ 52 bilhões (cerca de R$ 248,5 bilhões) de subsídios para empresas norte-americanas produtoras de semicondutores, bem como bilhões a mais em créditos fiscais para incentivar o investimento na indústria de chips.
A China, por sua vez, busca desenvolver tecnologias próprias, em vez de seguir os passos dos fabricantes ocidentais. Quando se trata da indústria de semicondutores, Pequim procura expandir a tecnologia doméstica para produzir chips avançados de carboneto de silício.
Nesse sentido, Pequim não poupa gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de tecnologias semelhantes. O primeiro-ministro Li Keqiang já prometeu que os gastos com P&D do país para esse fim cresceriam mais de 7% até 2025.
Em sua rivalidade com os EUA, o Ministério do Comércio da China respondeu recentemente às restrições anunciando que as empresas chinesas que planejam vender produtos contendo metais de terras raras como gálio e germânio (que são usados para fabricar chips) precisariam primeiro obter uma licença de exportação. Na verdade, isso significa que, se o governo se recusar a emitir tal licença, uma determinada empresa será proibida de exportar.
Fonte: Agência Sputnik