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Uma série policial, uma fábula e o assassinato de Marielle Franco.

Perry Mann

Por Jorge Matos em 13/09/2023 às 08:48:38
Foto: Internet

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Acordei às 3 horas da manhã. Um friozinho gostoso me dizia para continuar deitado enrolado em meu cobertor e tentar voltar a dormir. Daí pensei em ligar a TV do quarto e continuar deitado vendo qualquer série gratuita da TV Pluto, Streaming. Logo pensei no NCIS. Gosto do ritmo dinâmico da série NCIS onde DiNozzo, Ziva, Gibbs, McGee investigam e descobrem os assassinos e malfeitores com a ajuda de Abby, uma gótica que cuida da perícia criminal.

Pensei: que pena que na realidade as coisas não são tão simples assim. Ou poderíamos chamar a turma do NCIS para investigar o assassinato de Marielle Franco, a vereadora carioca e seu motorista Anderson Gomes.

Soube ontem ou anteontem, pela agência Brasil, que o Governo Bolsonaro escondera o caso de homem detido em Cancún, no caribe mexicano, suspeito da morte da vereadora e do motorista. Isso não ocorreria se Gibbs se sua turma estivesse investigando.

Isso me trouxe a lembrança que a realidade, os fatos, são bem mais atrozes do que a ficção. E tal reflexão fez-me lembrar uma fábula sobre a superstição da superioridade.

"Contam que, certo dia, sugiram violentas rivalidades entre os animais. A fim de serenar os ânimos, propôs o cavalo:

— Vamos aconselhar-nos com o homem; ele não parece estar diretamente envolvido, e assim pode dar um parecer imparcial.

— Mas ele terá juízo suficiente? — objetou a toupeira. — Ele necessitaria de inteligência extraordinária para reconhecer nossas virtudes mais discretas.

— Esta observação é muito pertinente — disse a marmota.

— Exatamente — exclamou o ouriço — não creio, em absoluto, que o homem possua perspicácia suficiente.

— Calem — ordenou o cavalo — Bem o sabemos: quem menos confia na justiça de sua causa é sempre o primeiro a por em dúvida a sabedoria do juiz.

(2) O homem foi convidado para servir de árbitro.

— Antes de enunciares a tua sentença — questionou o majestoso leão — permite mais uma pergunta! Homem, que critério adotarás para determinar o nosso valor?

— Que critério? — retorquiu o homem — Naturalmente determinarei o vosso valor de acordo com o grau de utilidade que cada um tem para mim.

— Fantástico — retrucou o leão ofendido — Que lugar me será destinado então, depois do asno? Homem, tu não podes ser nosso juiz. Deixa a reunião!

(3) O homem saiu.

— Pois bem, — disse cinicamente a toupeira (e com ela concordaram novamente a marmota e o ouriço) — vês agora, cavalo, o leão também acha que o homem não pode ser nosso árbitro. O leão pensa como nós.

— Mas por razões melhores que as vossas — disse o leão, lançando-lhes um olhar de desprezo.

(4) O leão prosseguiu:

— Pensando bem, toda essa rivalidade é absurda! Consideram-me o mais nobre ou o mais insignificante; para mim, isso não fará diferença, pois conheço o meu valor! — Disse-o e deixou a reunião.

Seguiram o seu exemplo o sábio elefante, o ousado tigre, o pensativo urso, a esperta raposa, o nobre cavalo; enfim; todos aqueles que conheciam ou pensavam conhecer o seu valor.

Os que se afastaram por último e que mais lamentaram o fracasso da reunião foram — o macaco e o burro..."

Talvez o leitor me pergunte o que faz uma fábula de Phaedrus no meio dessa crônica de viés político?

Hora... Essa fora à pergunta que me fiz ao saber que entregaram o Rio de Janeiro nas mãos de um interventor militar, hoje suspeito de corrupção e estreitamente ligado ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.

Marielle Franco foi morta em 2018 enquanto fiscalizava intervenção federal no RJ, chefiada por Braga Netto.


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