Hoje eu acordei 'virado no estopô'. No modo 'Chuazeneguer'. Botei meu calção de banho domingueiro e fui caminhar. Na cabeça, além dos parcos cabelos, aquela música de Chico Buarque: "estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar, tocando coisas de amor".
Andei mais que retirante de Bom Jesus da Lapa. Andei tanto, que as batatas das pernas estão parecendo mais com inhame das pernas.
Chegando em casa, só agora me dei conta de que esqueci de comprar cervejas. Repito: esqueci de comprar cerveja! Como pode alguém sobreviver a um domingo sem cerveja? E o sol lá fora tá virado no mói de coentro. Tem um sol para cada ser vivente. Mas não tem jeito, pode chover canivete, pior, pode chover forno de microondas, mas nada me impede de ir comprar minhas cervejas.
Sei que o ilustre leitor é paciente e vai esperar um pouco enquanto vou no bar de Angélica. Lá eu bebo uma cervejinha, compro duas devassas 'latão' para trazer para casa e ainda como um acarajé com pimenta. Pode estar fazendo o maior sol do mundo, mas acarajé tem que ter pimenta. Aguenta aí. É só um minutinho...
Voltei! Desculpem a demora, mas o calor tava tanto que acabei bebendo duas devassas e não uma como pretendia. Agora posso voltar a estas mal traçadas linhas. Agradeço a paciência de todos que esperaram. Aliás, só não fiquei para a terceira cervejinha em consideração aos meus ilustríssimos e queridíssimos leitores e também ao papo chatérrimo da mesa vizinha. Todos sabem que sou fofoqueiro e adoro ouvir as conversas alheias. Mas tudo tem limite e minha paciência eu perdi na primeira topada, quando era criança e jogava bola descalço. Encurtando o papo, vou transcrever o incrível (no sentido pejorativo) diálogo:
- Como é o nome daquela sua prima Adélia? Indagou a perguntante.
- Adélia - respondeu o respondente.
Foi aí que não aguentei mais, simulei um acesso de tosse para que calassem as bocas (é infalível, experimentem) levantei-me, fui no balcão, pedi três devassas para viagem, paguei a conta e me piquei.
A rádio poste (sim aqui em Mar Grande ainda existe uma rádio-poste) tocava a música "Juízo Final", se não me engano da inesquecível Clara Nunes:
O sol, há de brilhar mais uma vez
A luz, há de chegar aos corações
Do mal, será queimada a semente
O amor, será eterno novamente...
Deixo aqui um beijo para cada leitor e vou tomar banho. As batatas das pernas ainda estão doendo muito-demais-da-conta!