A Justiça do Trabalho em Goiás condenou o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) ao pagamento de R$ 80 mil por danos morais. O parlamentar foi acusado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de assédio eleitoral em âmbito trabalhista durante o segundo turno das eleições de 2022.
De acordo com o MPT, Gayer realizou reuniões com funcionários de diversas empresas para promover "propaganda eleitoral irregular" para o então candidato à reeleição Jair Bolsonaro. Em um dos casos, Gayer foi a uma padaria, a pedido do proprietário, e fez uma reunião com os colaboradores para falar sobre "as propostas dos candidatos à Presidência da República".
No ano passado, após receber uma denúncia anônima, os procuradores entraram com uma liminar na Justiça do Trabalho para impedir a realização de novas reuniões durante o período eleitoral, e o pedido de suspensão foi aceito.
No último domingo (25), o juiz Celismar Coelho de Figueiredo, da 7ª Vara do Trabalho de Goiânia, proferiu sentença para condenar o deputado ao pagamento da indenização de R$ 80 mil.
"A prova documental, apresentada pelo MPT, deixa clara a prática de assédio moral eleitoral no ambiente de trabalho, perpetrada pelo requerido contra trabalhadores de diversas sociedades empresárias sediadas nesta capital, coagindo-os moralmente a votarem em um candidato específico como meio de manutenção e criação dos empregos, caso referido candidato fosse reeleito", escreveu o juiz.
Recordista de remoção de mentiras nas redes, irmão de assassino e autor de frases racistas e xenofóbicas, Gustavo Gayer coleciona processos.
Eleito em meio à onda de extrema direita que varreu o Brasil nos últimos anos, ele é um dos mais contumazes difusores de fake news nas redes sociais deste grupo político, tendo como alvos a pandemia da Covid-19, a desconexa "ideologia de gênero", fraudes eleitorais fantasiosas, urnas eletrônicas e o ministro Luís Roberto Barroso. Numa determinação do TSE de 2021 para desmonetização e retirada de conteúdos mentirosos das redes, o canal do parlamentar foi o mais atingido, ocasião em que teve 59 vídeos tirados do ar.
Em junho deste ano, após dizer que Lula teve maior número de votos no Nordeste porque há lá um maior número de analfabetos, assim como por chamar africanos e brasileiros de "burros", Gayer foi amplamente rechaçado e exposto na internet por sua atitude racista e xenofóbica. Na mesma época, ele acusou a então deputada Silvye Alves (UB-GO) de "ter se vendido ao governo Lula". A declaração fez com que a parlamentar o acusasse de matar duas pessoas enquanto dirigia bêbado, há mais de 20 anos. Gayer negou que estivesse embriago na tragédia e processou Silvye.
Defesa
Em um vídeo postado nas redes sociais, Gayer considerou a condenação "esdrúxula" e confirmou que vai recorrer. O deputado disse que foi convidado por empresários para explicar o "plano de governo dos candidatos" e não pediu votos para Bolsonaro.
"Eu levei [ao processo] várias testemunhas, funcionários e ex-funcionários das empresas. Todas dizendo que eu não coagi, que eu não pedi voto e que nenhuma delas foi obrigadas a estarem ali", concluiu.
Redação, com Agência Brasil e Revista Fórum