Na Bahia, no dia 2 de fevereiro, a festa é no mar. É festa em vários municípios, mas principalmente no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, o povo sai nos barquinhos, rezando e cantando, para levar o presente à rainha das águas. O ritual é uma tradição forte e sagrada
A festa, que tem suas raizes na cultura africana, nasceu da intimidade que Iemanjá concede aos seus protegidos, quando permite que a maré leve os presentes. Por isso é que os devotos reúnem para comemorar o dia 2 de fevereiro, levando um presente e recebendo a benção da mãe d´água. Um tributo à senhora pelas conquistas de uma vida cheia de sentido e fé no mar. Oferendas dignas de uma rainha que tem toda a beleza, vaidade, bondade e exigência de mãe e mulher.
Organizada pela Colônia Z-1, a festa teve início no quinta (1°) com a abertura, às 6h, do caramanchão da Casa do Peso (sede da colônia de pescadores do Rio Vermelho), onde são depositadas as cestas com os presentes que serão oferecidos à Iemanjá
Casa do Peso
O bairro do Rio Vermelho é o epicentro da celebração que ocorre, também, onde houver uma colônia de pescadores. No Rio Vermelho, onde está seu monumento e sua casa, os preparativos para a festa começam com antecedência, de modo que nada falte na hora das homenagens. Diante da Casa do Peso, onde se reúnem os pescadores,, os balaios com os presente são guardados de véspera e os seis atabaques determinarão o ritmo dos cânticos e das danças que prenunciam a partida.
No amanhecer do dia 2, chega à Casa do Peso o presente principal: perfumes, flores, sabonetes, pentes, pulseiras, moedas e pedidos anônimos em pequenos pedaços de papel. Cada um dos presentes reflete a condição de mulher do orixá. Quase todos os adornos que a vaidade feminina determina. Os pedidos são feitos com cuidado, porque ela também é justa e percebe com inteligência quem quis enganá-la.
À tardinha, a comitiva de saveiros e pequenos barcos enfeitados chega ao0 local sagrado para depositar, em cerimônia, o presente da rainha. Na praia, a multidão permanece atenta a todos os detalhes. A euforia nas barracas de bebidas, a agitação do samba, e tudo o mais que reina na festa popular do Rio Vermelho se rendem, diante do respeito da hora solene.
Somente na volta do cortejo marítimo as atenções saem do mar. E, depois, a queima de fogos de artifícios anunciam uma outra etapa. Entre as barracas, percebe-se a alegria de quem já reverenciou a sua rainha e senhora. Um Carnavalo antecipado toma conta das ruas. Iemanjá está feliz porque sentiu de seus filhos a gratidão de quem reconhece o seu amor,de quem sabe ser das águas e da rainha.
Fonte: Redação, com revista Viver Bahia