O procurador-geral da República, Paulo Gonet, protocolou nesta quarta-feira (7) uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para declarar a inconstitucionalidade das chamadas emendas Pix.
As emendas foram criadas por meio da Emenda Constitucional 105, de 2019, que permite que deputados e senadores destinem emendas individuais ao Orçamento da União por meio de transferĂȘncias especiais. Pela medida, os repasses não precisam de indicação de programas e celebração de convĂȘnios.
"A transferĂȘncia especial de recursos federais por meio de emendas impositivas reduz o papel da vontade do Poder Executivo na operacionalização do sistema orçamentĂĄrio. Impõe-se, mais, que tolere a entrega de verba a outro ente da federação de modo direto, prescindindo de prévia celebração pelo mesmo Executivo federal de convĂȘnio, acordo, ajuste ou instrumento congĂȘnere", afirmou o procurador.
Para Gonet, a emenda constitucional também retira a competĂȘncia do Tribunal de Contas da União (TCU) para fiscalização dos recursos e a possibilidade de transparĂȘncia e rastreabilidade do dinheiro público.
"A propositura, aprovação e execução dessas emendas devem estar compassadas pelos parâmetros inspiradores dos deveres de transparĂȘncia com mĂĄxima publicidade de informações. Essas informações devem ser, invariavelmente, completas, precisas, claras e fidedignas, para, dessa forma, viabilizar o controle social e a atuação efetiva dos órgãos de fiscalização", completou.
No documento, a PGR cita dados da Associação Contas Abertas. Segundo a entidade, deputados e senadores destinaram R$ 6,7 bilhões em "emendas Pix" em 2023.
A ação serĂĄ relatada pelo ministro FlĂĄvio Dino. No dia 1° de agosto, Dino decidiu que esse tipo de emenda deve seguir critérios de transparĂȘncia e de rastreabilidade. Pela mesma decisão, a Controladoria-Geral da União (CGU) deverĂĄ realizar uma auditoria nos repasses no prazo de 90 dias.
AgĂȘncia Brasil