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Crônica

Acabou o "Apixabana"

Zé Peitinho


Ontem me dei conta que o "apixabana" só tinha dois comprimidos. De imediato a memória me lembrou da médica do SUS me dizendo que era imprescindível o uso deste medicamento para minha sobrevivência. Segundo exames, disse ela, meu coração só funciona com menos de trinta por cento de sua capacidade e, este medicamento, é um anticoagulante para evitar trombose. Aí, segue-se aquela máxima: Quem tem... tem medo. E apesar dos pesares pretendo continuar vivo.

Eu sou um velho teimoso e prefiro a morte a me tornar dependente de favores alheios... Já li por aí que "La coppia si conosce nel divorzio, i Fratelli nell"eredità, i figli in vecchiaia e gli amici nelle difficolta", que numa tradução chula, seria: "Você conhece o caráter do casal na separação, dos irmãos na herança, dos filhos na velhice e dos amigos na dificuldade..." Então lá fui eu comprar o tal "apixabana".

Como o dinheiro está curto. -- (Aposentado no Brasil é tido como custo, apesar de ter recolhido INSS e os outros impostos a vida toda) -- tenho que buscar uma farmácia mais em conta. O preço deste fármaco em muitas farmácias, inclusive na que fica a duzentos metros de minha casa, passa dos duzentos reais. Eu não tenho, no fim do mês, tantos recursos e não quero descobrir o caráter dos poucos amigos que sobraram pedindo dinheiro emprestado. Restou-me ir caçar uma farmácia mais em conta. Só que tem um porém. Por conta do coração recondicionado por três pontes de safena e depois de sofrer dois AVCs, tenho uma baita dificuldade de andar. Após andar uns trezentos metros tenho que descansar por pelo menos uns três ou quatro minutos e, neste tempo, quase sempre me aparece alguém para perguntar se eu estou bem... (Ainda existem pessoas bondosas neste mundo).

Resumindo: numa cidade que tem mais farmácias que Igrejas Evangélicas, será? eu tinha que achar uma farmácia que não quisesse me tirar as tripas. Pela internet catei os telefones e fui atrás de uma farmácia mais em conta. Comecei, obvio, pesquisando as farmácias mais próximas. A disparidade entre preços me assustou. Havia farmácias com até cinquenta por cento mais baratas, porém, em lugares que eu nem conhecia o bairro. Por fim, optei por ir numa farmácia popular.

Creio que a única vantagem de ser velho, em Salvador, é poder usar o metrô e ônibus de graça. A primeira etapa era ter de andar de casa até o ponto de ônibus ou pior, ir até o metrô, a distância do metrô é um pouco mais que o dobro da distância até o ponto de ônibus. Por sorte lembrei-me de uma "farmácia popular" que vende remédios mais baratos e consegui encontrar lá o dito cujo por R$ 110,00 reais dividido em duas vezes.

Agora, só no mês que vem.

Zé Peitinho

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