O segundo dia do G20 Social marca o início das plenárias que têm como objetivo apresentar propostas de políticas públicas aos líderes do bloco econômico. O evento inédito, iniciativa do governo brasileiro, reúne organizações da sociedade civil e antecede a reunião de chefes de estado do G20, que ocorrerá na próxima semana.
Ontem (15/11), o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, participou de um encontro que discutiu sustentabilidade, mudanças climáticas e transição justa. Além do ministro, participaram da plenária outros representantes de destaque, como Adriana Marcolino, diretora Técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); João Paulo Capobianco, secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Marciele Tupari, representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil; e Laurence Tubiana, economista e diplomata, que foi negociadora chefe do Acordo de Paris.
Em sua fala, o ministro destacou a importância da agricultura familiar como componente fundamental na busca por soluções para a crise ambiental que o mundo enfrenta, especialmente no combate ao desmatamento e à promoção de práticas agrícolas mais sustentáveis. "A agricultura pode ser parte da solução e, no Brasil, será. Porque nós temos a tarefa de zerar o desmatamento", afirmou Paulo Teixeira, ressaltando o compromisso do governo brasileiro em avançar na implementação de uma agricultura que promova a preservação ambiental.
Paulo Teixeira enfatizou também a necessidade de transformar as práticas agrícolas em favor de uma produção mais regenerativa, que possa restaurar ecossistemas essenciais. "Podemos fazer uma agricultura do tipo regenerativa, que recupere matas ciliares, nascentes de água e áreas de proteção ambiental", explicou o ministro.
Agricultura Orgânica e Bioeconomia
Ele também expôs um dado importante sobre a economia da Amazônia, em especial sobre a produção de açaí, que tem uma rentabilidade significativamente superior a atividades mais convencionais. "A produção na Amazônia, como a do açaí, tem uma lucratividade 10 vezes maior do que a pecuária, do que a soja", destacou o ministro, reforçando a importância de se investir em modelos de produção mais sustentáveis e de maior valor agregado.
O MDA tem implementado políticas públicas com ênfase na agricultura orgânica e na bioeconomia. O ministro destacou o crescimento de 53% no Pronaf Bioeconomia, 26% no Pronaf Semiárido e 39% no Pronaf Floresta, nos últimos quatro meses, o que evidencia o fortalecimento de uma agricultura mais voltada para a preservação ambiental e o uso de técnicas agroecológicas.
"Precisamos reunir todos os instrumentos para mudar essa agricultura para a agroecologia", afirmou Paulo Teixeira, reforçando que a transição para modelos mais sustentáveis deve ser feita de forma integrada, com apoio de todos os setores envolvidos.
O ministro também destacou um dos próximos passos dessa transformação: conversar com os gerentes de bancos da Amazônia para reorientar os investimentos na agricultura. "É preciso parar de financiar uma agricultura de baixa produtividade e começar a financiar atividades de alta produtividade", afirmou, citando o Programa Florestas Produtivas, uma iniciativa que tem como objetivo a recuperação de áreas degradadas para fins produtivos, para regularização ambiental da agricultura familiar, contribuindo para a ampliação da capacidade de produção de alimentos saudáveis e de produtos da sociobiodiversidade.
O G20 Social é um momento estratégico para a troca de ideias e proposições entre os diversos atores da sociedade civil, com a missão de influenciar as políticas públicas globais e nacionais, com foco na sustentabilidade e na justiça social.
Agência Gov