O Simpósio Anual C3A, realizado pelo Banco Mundial, em Paris, na semana de 2 a 6 de dezembro, reuniu representantes de ministérios de finanças de diversos países, pesquisadores e formuladores de políticas públicas para debater o papel crucial das finanças na transição ecológica global. O evento destacou a importância de alavancar o conhecimento técnico e científico para moldar políticas econômicas climáticas. O Brasil foi representado pela subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda (MF), Cristina Reis, e pelo coordenador-geral de Projeções Econômicas do MF, Rafael Leão.
Dividido em dois grandes segmentos, o evento contou com uma fase técnica e de políticas públicas (2 a 4 de dezembro) e outra focada em pesquisa e liderança (6 de dezembro). A primeira parte trouxe sessões interativas para representantes de ministérios de finanças e especialistas em clima. Sustentabilidade fiscal, riscos financeiros climáticos e políticas de inovação verde foram os temas centrais dos debates.
Cristina Reis esteve no painel "Paris + 10, Are we already in the mid-transition?", que contou com a mediação de Celine Kauffmann, diretora de Programa do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais da França (IDDRI), além da participação de María José Martínez, do ministério das Finanças da República Dominicana; Carolyn Fischer, pesquisadora do Banco Mundial; e Amar Bhattacharya, pesquisador sênior no Centro de Desenvolvimento Sustentável, que integra o programa de Economia Global e Desenvolvimento do Brookings.
A subsecretária destacou o desafio de conviver com diferentes tecnologias no contexto da transição energética. "De um lado, buscamos avançar na descarbonização; de outro, ainda enfrentamos a dependência de combustíveis fósseis. O objetivo central foi mostrar a necessidade de políticas públicas que garantam uma transição justa e integral, assegurando o cumprimento de compromissos climáticos, ambientais, sociais e econômicos". Ela também apresentou o Novo Brasil - Plano de Transformação Ecológica , cujo propósito é gerar emprego e renda, promover a transição climática e ambiental justa e, ao mesmo tempo, reduzir as desigualdades sociais.
Já o segmento de pesquisa e liderança reuniu autoridades de países desenvolvidos e em desenvolvimento, além de economistas e cientistas, para apresentar estudos inovadores sobre economia e mudança climática. O evento também proporcionou uma plataforma para que stakeholders de alto nível discutissem o futuro das políticas globais. "O simpósio foi uma oportunidade excepcional para explorar iniciativas inovadoras de políticas públicas que enfrentam os desafios das mudanças climáticas. As discussões foram perspicazes, e a troca de ideias será, sem dúvida, inestimável para moldar ações futuras em finanças climáticas e transições para uma economia de baixo carbono", afirmou Rafael Leão.
O coordenador-geral ainda apresentou o Novo Brasil em sessões de exposição de experiências dos países e co-presidiu a sessão de pappers do evento. "O Novo Brasil está sendo bem recebido no mundo inteiro. O Brasil está tendo um papel de liderança muito importante neste sentido, ao demonstrar, especialmente para os países em desenvolvimento, que pode ser possível realizar a transição para uma economia de baixo carbono através da sofisticação produtiva e da inclusão social", disse.
Conferência Agence Française de Développement
Além do Simpósio C3A, a subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável participou da 16ª Conferência de Pesquisa da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Cristina Reis foi convidada para uma sessão dedicada a discutir as estratégias necessárias para transformar as políticas climáticas em ações concretas para enfrentar a crise global.
"Durante minha fala, reforcei a importância de considerar os problemas estruturais e históricos de cada sociedade. No caso do Brasil, isso significa enfrentar não apenas os desafios ambientais e climáticos, mas também as questões sociais e econômicas, como a redução da fome e pobreza, além da geração de empregos dignos", afirmou.
Um dos destaques foi a apresentação da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) , que se mostrou um exemplo relevante de política pública transparente e participativa. "A taxonomia foi desenvolvida com ampla participação social, desde o planejamento até a execução, e que atualmente está em fase de consulta pública. O tema despertou grande interesse entre os participantes, que eram, em sua maioria, pesquisadores", disse a subsecretária.
Até março de 2025, interessados em contribuir com a formação do "vocabulário" da TSB para investidores interessados em práticas sustentáveis poderão opinar sobre a metodologia de seleção das atividades econômicas consideradas sustentáveis, além de critérios voltados à mitigação de impactos ambientais e ao uso sustentável do solo. A consulta pública está disponível no portal Participa + Brasil .
Fonte: Agência Gov