No próximo domingo, dia 2 de fevereiro, Salvador, capital da Bahia, se transforma em um palco de fé, cores e tradição durante a celebração da Festa de Iemanjá. Considerada uma das maiores manifestações culturais e religiosas do Brasil, a festa reúne milhares de pessoas no bairro do Rio Vermelho, onde fiéis, turistas e curiosos se unem para homenagear a "Rainha do Mar", uma das entidades mais reverenciadas do candomblé.
A origem da festa
Iemanjá, também grafada como Yemanjá, é um orixá africano associado aos mares, à fertilidade e à proteção. Sua devoção foi trazida ao Brasil pelos escravizados africanos, principalmente da cultura iorubá, e se tornou um símbolo da resistência cultural e religiosa dos povos negros. A Festa de Iemanjá, celebrada em 2 de fevereiro, tem suas raízes no sincretismo religioso, que associou a figura da orixá à Nossa Senhora dos Navegantes, uma santa católica.
A celebração no Rio Vermelho começou de forma modesta, na década de 1920, quando pescadores locais passaram a oferecer presentes a Iemanjá para garantir boas pescarias e proteção no mar. Com o tempo, a festa cresceu e se tornou um evento de grande importância cultural e turística, atraindo pessoas de todo o Brasil e do mundo.
Neste ano a festa completa 103 anos e traz como tema "Renascer com as Águas de Yemanjá". A festa é organizada pela Colônia de Pesca Z1, com o apoio da Prefeitura de Salvador.
A celebração
A festa começa cedo, com os preparativos dos fiéis que levam oferendas para Iemanjá. Flores brancas, espelhos, perfumes, joias e alimentos são colocados em pequenos barcos, que são lançados ao mar como forma de agradecimento e pedidos de bênçãos. O ritual é acompanhado por cantos, danças e batidas de atabaques, que ecoam pelas ruas do Rio Vermelho, criando uma atmosfera mística e vibrante.
O ponto alto da celebração ocorre na Praia do Rio Vermelho, onde a estátua de Iemanjá é carregada em procissão até o mar. Milhares de pessoas vestidas de branco, a cor que simboliza paz e pureza na cultura afro-brasileira, acompanham o cortejo, enquanto mães e pais de santo realizam rituais e entoam cânticos em iorubá.
Além dos aspectos religiosos, a festa também é um espaço de celebração da cultura baiana. Baianas de acarajé, música ao vivo e apresentações de capoeira e samba de roda complementam o cenário, transformando o evento em uma verdadeira festa popular.
Significado e resistência
A Festa de Iemanjá vai além de uma simples celebração religiosa. Ela representa a resistência e a preservação das tradições afro-brasileiras, que foram marginalizadas durante séculos no Brasil. Para muitos, é um momento de reconexão com as raízes ancestrais e de afirmação da identidade cultural.
Além disso, a festa também chama a atenção para a importância da preservação dos oceanos e do meio ambiente, já que Iemanjá é considerada a guardiã das águas. Nos últimos anos, iniciativas de conscientização ambiental têm ganhado espaço durante a celebração, alertando para a necessidade de proteger os mares e evitar a poluição.
Um encontro de fé e cultura
A Festa de Iemanjá é um exemplo vivo da riqueza cultural e religiosa da Bahia, um estado que respira diversidade e tradição. Para os soteropolitanos, é um momento de orgulho e devoção; para os visitantes, uma oportunidade única de vivenciar uma das manifestações mais autênticas da cultura brasileira.
No próximo 2 de fevereiro, o Rio Vermelho será, mais uma vez, o cenário dessa grandiosa celebração, onde o sagrado e o profano se encontram em um mar de fé, esperança e alegria. Que Iemanjá abençoe a todos com suas águas purificadoras e traga paz e prosperidade para o novo ano. Odoyá!
Redação