Este ano, todos os olhares estarão voltados para a 15ª Cúpula do grupo BRICS, reunindo as principais economias em desenvolvimento do mundo em um momento em que lideram o movimento em direção a uma ordem mundial multipolar, exibindo potencial para influenciar a economia global e desafiar o domínio ocidental tradicional.
A Ãfrica do Sul, que ocupa a presidência rotativa do bloco econômico, está se preparando para sediar a 15ª Cúpula do BRICS no Centro de Convenções de Sandton, em Joanesburgo, de 22 a 24 de agosto de 2023, sob o tema: "BRICS e Ãfrica: Parceria para Crescimento Mutuamente Acelerado, Desenvolvimento Sustentável e Multilateralismo Inclusivo".
Não há como exagerar a importância do evento de alto nível que vai reunir as principais economias em desenvolvimento do mundo, conhecidas coletivamente como BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e Ãfrica do Sul). A primeira cúpula presencial do BRICS desde a pandemia de COVID-19 ocorre quando os Estados-membros vêm expandindo sua influência política e aumentando sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) global, superando o desempenho do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). Além disso, a ascensão do BRICS vem demonstrando a possibilidade de uma mudança na orientação de poder do Norte para o Sul Global, com o bloco anunciando o declínio dos Estados Unidos como superpotência unipolar.
Quais países estarão participando do BRICS 2023?
Os chefes de Estado ou de governo dos cinco Estados-membros vão estar presentes na Cúpula BRICS 2023 neste ano. Assim, na lista estão o presidente Cyril Ramaphosa da Ãfrica do Sul, que assumiu a presidência rotativa do grupo em janeiro, o presidente da China, Xi Jinping, o presidente do Brasil, Lula da Silva, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O presidente russo, Vladimir Putin, não vai comparecer ao encontro pessoalmente, mas é esperado que participe da cúpula por meio de um link de vídeo.
O discurso on-line do presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula do BRICS na Ãfrica do Sul está previsto para 23 de agosto, de acordo com Anil Sooklal, enviado sul-africano do bloco.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, vai chefiar a delegação do país na Cúpula BRICS 2023.
Convidados
O presidente sul-africano "convidou — com o apoio consensual de seus colegas líderes do BRICS — sessenta e sete [67] líderes da Ãfrica e do Sul Global para participar do BRICS-Africa Outreach [observadores] e do BRICS+ Dialogues [diálogos associados]. Os líderes cobrem todos os continentes e regiões do Sul Global", disse o ministro das Relações Exteriores da Ãfrica do Sul, Naledi Pandor, no início de agosto. Outros 20 representantes de organizações internacionais também foram convidados, disse o ministro.
"O presidente também convidou vinte [20] dignitários que incluem o secretário-geral das Nações Unidas, o presidente da Comissão da União Africana, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento [NBD], os presidentes e chefes executivos das Comunidades Econômicas Regionais Africanas, instituições financeiras, e o secretário-geral do secretariado da Ãrea de Livre Comércio Continental Africana e CEO da Agência de Desenvolvimento da União Africana [UA]", disse o comunicado.
Atualmente, 41 países confirmaram sua participação, com expectativa de mais, segundo Anil Sooklal.
O ministro das Relações Exteriores de Belarus, Sergei Aleinik, vai participar da Cúpula do BRICS, disse à Sputnik o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Belarus, Anatoly Glaz. "Seguindo as instruções do chefe de Estado, nossa delegação [ao BRICS] será chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Sergei Aleinik", disse Glaz. Ele acrescentou que o país vai participar dos diálogos BRICS-AFRICA Outreach e BRICS+. Esta vai ser a primeira vez que Belarus vai participar dos eventos da Cúpula do BRICS, observou Glaz.
Nenhum líder ocidental foi convidado.
No início deste ano, a principal diplomata de Emmanuel Macron, Catherine Colonna, confirmou que o presidente francês estava interessado em ir a Joanesburgo como observador para participar da cúpula. A proposta de Macron foi recebida com uma reação mista do BRICS, com a Rússia argumentando que a participação do presidente francês seria "inapropriada", dada a política hostil de Paris em relação a Moscou. No início de agosto, foi anunciado oficialmente que Emmanuel Macron não seria convidado para o BRICS 2023.
Agenda do BRICS 2023
No primeiro dia da cúpula, 22 de agosto, vai ser realizado um fórum de negócios, com chefes de Estado se dirigindo aos participantes na sessão final à noite. Em seguida, os líderes do BRICS vão se encontrar em sessão fechada. "A agenda aqui é aberta – eles poderão trocar opiniões sobre qualquer tema que considerem necessário", esclareceu Anil Sooklal.
Os eventos do dia 23 de agosto vão ser divididos em duas sessões. A primeira, às portas fechadas, vai ter supostamente uma hora e meia de duração, e a segunda, uma sessão aberta – ostensivamente cerca de duas horas. Durante a primeira sessão, os líderes dos Estados-membros, juntamente com dez representantes de cada delegação, vão discutir geopolítica, questões de segurança, finanças e economia. A sessão aberta vai contar, em especial, com representantes do Conselho Empresarial, da Aliança Empresarial Feminina e do NBD do BRICS, com relatórios apresentados por essas organizações.
Ao final da cúpula, os chefes dos Estados-membros vão adotar uma declaração final, na qual os diplomatas do BRICS já começaram a trabalhar, acrescentou Sooklal.
Quais países querem se juntar ao BRICS?
A ampliação do BRICS está no topo da agenda e deve ser discutida na próxima cúpula do grupo na Ãfrica do Sul, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, antes do encontro.
Mais de 40 países expressaram seu desejo de ingressar no BRICS, sendo que 23 deles o fizeram oficialmente, de acordo com a diplomata sul-africana Naledi Pandor.
"Tivemos manifestações formais de interesse dos líderes de 23 países em aderir ao BRICS, e muitas outras abordagens informais sobre as possibilidades de adesão ao BRICS", disse Pandor.
Entre os que se inscreveram oficialmente estão Argentina, Turquia, Arábia Saudita, Emirados Ãrabes Unidos, Egito, Senegal, Argélia, Etiópia, Irã e Indonésia. "A lista de países é grande", disse Anil Sooklal.
Agência Sputnik