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Crônica

Histórias da Pituba

João das Botas


Praia da Pituba. Foto: Jornal Folha da Pituba

"A Bahia padece de falta de humor". Lembro ter ouvido esta frase dita pelo saudoso, imortal, João Ubaldo Ribeiro. Concordo em parte; eu mudaria para: as baianas padecem de falta de humor. Ou, talvez, generalizando, as mulheres padecem de falta de humor. Dizem que o humor das mulheres está localizado na ponta do dedão do pé (não sei de qual deles): na primeira topada, vai-se embora. Talvez não seja tanto assim, mas ainda há pouco, na rua da Rodagem eu vi um cara se dirigindo a uma garota: "você é muito bonita", disse o galanteador.

- Vá procurar sua mãe – respondeu a indignada.

Esse curto diálogo (?!) ficou impregnado na minha mente até eu me lembrar de Maria, minha linda netinha. Maria é a exceção da regra das mal-humoradas. É só ela me ver que abre um sorriso indescritível. E o que é indescritível, por óbvio, não posso descrever. Fato é que Maria está sempre a sorrir, talvez para comprovar que ainda não levou uma topada, mesmo porque, com oito meses, ainda não aprendeu a andar.

E por falar em topada, topei, nesse instante, com uma crônica do querido amigo Zé Peitinho, na qual ele pontua aspectos pitorescos do bairro da Pituba, em Salvador, capital da esplendorosa Bahia. Peço licença ao ilustre cronista para me aprofundar em algumas passagens ocorridas no referido bairro. Lá, na Pituba, claro, vivi a minha adolescência e lá é onde mora minha netinha.

Tenho comigo uma cópia de um relatório do histórico engenheiro Theodoro Sampaio, o homem que projetou a urbanização do outrora pacato e hoje fervilhante bairro. O título do relatório, datado de 21 de abril de 1919, é "Estudos e Projecto para uma Cidade Nova – A Cidade Luz". No projeto, a Cidade Luz seria na Pituba "nos terrenos de propriedade do Sr. Manoel Dias da Silva. De acordo com o Projeto, "A antiga localidade da costa oceânica, chamada Pituba, do nome de um pequeno ribeiro que ahi desagua, fica a Oriente desta capital e della distante 7 ½ quilômetros pelo trajecto mais curto". Vemos, no texto cuja grafia original mantenho, que o nome Pituba foi apropriado de um "pequeno ribeiro", hoje um esgoto, mas isso é outra história.

Foi lá na Pituba que me apaixonei pela segunda vez, pela terceira e pela quarta, foi lá que conheci verdadeiros amigos e outros "nem tanto", que aprendi a nadar, a pescar, a surfar (mais ou menos) e, principalmente, a capacidade de absorver emoções, sentimentos e pontos de vista de outras pessoas. Ou seja, ter empatia.

A Pituba me deu régua, esquadro e compasso (sorry, Gil).

A Pituba de Manoel Ribeiro, pai de João Ubaldo, de Rômulo Almeida, Itamar Espinheira, Lomanto Junior, José Gorender, Maurício Naiberg, Dr. Boureau, Newton Macêdo Campos, Cid Teixeira, Ariovaldo Matos, enfim, de um grande número de pessoas enormes era também a Pituba de uma juventude alegre, que brilhava no esporte (hóquei e futebol, principalmente) e extrapolava nos bailes carnavalescos dos clubes Português, Botafogo e Costa Azul. No Clube Português acontecia também o Baile de Iemanjá, com histórias maravilhosas que contarei na próxima crônica. Fica a promessa.

Redação

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