Entendo que há algo de mágico no fim dos ciclos, embora a princípio, na maioria das vezes, pareça que tudo se desmorona. Quando você aceita o fim de um ciclo, significa que você está apto a recomeçar. Mas aceitar o fim não é uma decisão simples, é como soltar-se de um antigo abrigo e caminhar rumo ao desconhecido.
Lembro-me da última vez que precisei fazer isso. Era outono, as folhas caíam, e assim também caíam as certezas que eu havia carregado por tanto tempo. Aquele emprego, que um dia fora a minha fonte de realização profissional, e onde eu me instalara durante nove anos, já não me preenchia. Os dias se arrastavam, e cada manhã era mais uma batalha entre o querer e o dever. O ciclo havia se fechado, mas eu ainda me agarrava à porta, relutante em deixá-la.
Foi então que percebi: o universo sempre dá sinais, mas somos nós que precisamos perceber. Eu ouvia o eco dos meus pensamentos, os medos de não ser suficiente, o receio de falhar ao tentar algo novo. Mas, ao mesmo tempo, havia algo quase imperceptível, dizendo que o fim é, muitas vezes, o primeiro passo de um novo começo.
E foi quando aceitei que as coisas mudariam, que as portas se abriram. Primeiro, pequenas oportunidades, um convite para trabalhar em algo que nunca tinha considerado antes. Depois, as pessoas certas começaram a surgir, trazendo consigo novas perspectivas e caminhos que eu jamais imaginaria.
Entendi que a vida é feita de ciclos, e recomeçar não é um ato de derrota, mas de coragem. É preciso desapegar do velho para que o novo tenha espaço para florescer. E, ao soltar o passado, damos a chance ao futuro de nos surpreender.
O universo tem uma maneira curiosa de operar. Ele observa atentamente quando estamos prontos, mesmo que ainda não saibamos. E, no momento em que aceitamos que uma fase chegou ao fim, ele se encarrega de nos mostrar que há sempre algo mais à frente, à espera.
Recomeçar é como o amanhecer após uma longa noite. As estrelas podem ter se despedido, mas o sol surge, brilhando mais uma vez. E assim, cada novo dia nos oferece a chance de reescrever a nossa história, com a certeza de que o ciclo anterior nos preparou para o que está por vir.